A situação dos trabalhadores e trabalhadoras do Grupo Coteminas está cada dia mais difícil. Atualmente, são mais de 500 funcionários (as) sem receber salários há dois meses e sem previsão para tal. Nesta última terça (10), os trabalhadores (as) da empresa junto ao Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado da Paraíba (Sinditêxtil), a Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB) e outros sindicatos parceiros, realizaram um ato de protesto em frente a empresa na cidade de João Pessoa. A mesma situação está ocorrendo com o polo da Coteminas em Campina Grande.
"A empresa alega que perdeu clientes devido a pandemia, fala da concorrência desleal da China, e até já teve falta de material quando apareceram pedidos. Nesses últimos tempos foram demitidas 480 pessoas, agora já está em mais de 500, as verbas rescisórias foram pagas em 12 vezes, isso porque foi decidido em assembleia pelos trabalhadores que já estavam exaustos com a demora e os atrasos nos pagamentos. ", explica Alex Che, do Sinditêxtil.
Jeane Sousa, presidente do Sinditextil da Capital, pontua que a situação é caótica e desumana. "Tenho visto muitos trabalhadores(as) pedindo ajuda na imprensa, nas rádios, alguns até dizendo que não conseguem se manter. Isso é uma vergonha, muito triste! Sabemos que se trata de uma empresa que tem condições de pagar esses direitos e, mesmo que paguem o salário de agosto, que já está atrasado em dois meses, quando receberemos setembro, e todos os direitos atrasados?", questiona a sindicalista.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
Alex Che afirma que o caso já foi encaminhado para o Ministério Público do Trabalho (MPT-PB) e aguardam um posicionamento do órgão. "É uma situação crítica de incertas e inseguranças para todos os trabalhadores(as) da empresa. Tivemos três reuniões com o Ministério Público do Trabalho e fizemos uma denúncia, estamos aguardando o mesmo se pronunciar", informou Alex.
SITUAÇÃO CAÓTICA EM VÁRIOS ESTADOS
Os protestos dos trabalhadores(as) paraibanos receberam apoio de outros estados onde a empresa também está funcionando, como o Rio Grande do Norte, onde os empregados também afirmam passarem pela mesma situação. Outros estados como Santa Catarina e Minas Gerais, os funcionários iniciaram seus protestos em fevereiro e março deste ano e com as mesmas queixas: salários atrasados e irregularidades no depósito do FGTS.
Apesar dos inúmeros protestos, o Grupo Coteminas ainda não decretou falência e os sindicalistas afirmam que é uma das empresas com maior rentabilidade no país. Aqui na Paraíba, durante o protesto da terça (10), os trabalhadores contaram com o apoio do vereador Marcos Henriques (PT) que pediu para a justiça buscar meios de resolver a situação dos funcionários.
"É preocupante como está a vida desses funcionários, a questão precisa ser resolvida pela empresa o quanto antes, sabemos que é uma empresa que tem um patrimônio riquíssimo e precisa resolver suas questões internas para pagar os que tem mais necessidade no momento, que são os trabalhadores e trabalhadoras”, destaca o vereador.
QUEM É A COTEMINAS?
A Companhia de Tecidos Norte de Minas - COTEMINAS é uma companhia aberta e que opera como holding de empresas têxteis no Brasil e no exterior. Foi fundada em 1967 e sua primeira fábrica de fiação e tecidos que estava localizada em Montes Claros (MG), entrou em operação em 1975. A companhia, hoje grupo, possui várias atividades industriais da Springs Global focada em três segmentos principais: Cama, Mesa e Banho; e Produtos Intermediários. O grupo detém marcas como Artex, MMartan, Casa Moysés, Santista. Possui várias unidades no país: Montes Claros (MG), Blumaneu (SC), Campina Grande (PB), João Pessoa (PB), Macaíba (RN), Natal (RN) e unidades nos EUA e Argentina. Aqui no estado da Paraíba a Coteminas opera desde a década de 90, trabalhando principalmente com ativos operacionais da marca Artex.
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Edição: Cida Alves