Rio Grande do Sul

DENÚNCIA

Sindisaúde denuncia assédio moral no Hospital Divina Providência

Segundo o sindicato, uma trabalhadora do setor de higienização se suicidou após sofrer assédio moral; hospital contesta

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Trabalhadores protestam contra aassédio em entrada de hospital no RS - Foto: Divulgação Sindisaúde - RS

Na manhã desta quarta-feira (6), o Sindicato dos Trabalhadores na Saúde do Rio Grande do Sul (Sindisaúde-RS) realizou um ato de protesto contra o assédio moral em frente ao portão de entrada do Hospital Divina Providência, no bairro da Glória, em Porto Alegre. Eles denunciavam a morte de uma trabalhadora do setor de higienização que, segundo o sindicato, se suicidou após ter sofrido assédio moral.

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Durante o protesto os trabalhadores distribuíram um panfleto com os dizeres: “À Luta. Nesse hospital o assédio moral Mata! Basta de adoecimento físico e mental”.

Conforme os dirigentes do Sindisaúde, a servidora teria feito reiteradas denúncias de assédio moral à Ouvidoria da instituição, porém nunca foi atendida. Informaram que a entidade havia se reunido com a gestão do hospital, denunciando casos de assédio generalizados no dia 10 de novembro do ano passado. No dia 11 do mesmo mês formalizou expediente relatando as denúncias. Hoje anunciaram que a entidade irá acionar o Ministério Público do Trabalho (MPT) para investigar o hospital.

O Sindisaúde-RS também informou que tem um departamento de saúde do trabalhador lotado de atendimentos psicológicos. A existência desse departamento é motivada especialmente pelas negativas anuais dos sindicatos patronais de manterem um atendimento de saúde a seus funcionários nos locais de trabalho. Com isso, a categoria tem que recorrer ao sindicato. "O que é completamente absurdo: trabalhadores da saúde sem atendimento de saúde no próprio local de trabalho! Em 2024, novamente o Sindisaúde-RS colocará na pauta das negociações da Campanha Salarial o pedido de atendimento nos locais de trabalho."

O presidente do Sindisaúde, Júlio Jesien, disse que mesmo denunciando o assédio moral praticado no setor de higienização do hospital, não foi atendido pela direção. “Infelizmente, no último dia 25 e fevereiro, uma trabalhadora acabou cometendo o suicídio por conta desta situação. Nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance junto ao Ministério Público do Trabalho para levar este problema que está dentro dos hospitais e os empregadores acabam fazendo de conta que não existe.”

A direção do hospital responde

Através da assessoria de comunicação e marketing do Hospital Divina Providência, a direção da instituição contestou as denúncias do Sindisaúde-RS com uma nota oficial que publicamos a seguir:

A Diretoria da Sociedade Sulina Divina Providência, mantenedora do Hospital Divina Providência, vem a público reafirmar o seu compromisso permanente com a missão institucional, alicerçada na ética de sua governança, pautada pela transparência, responsabilidade e, sobretudo, pelo cuidado à vida das pessoas, muito particularmente, às pessoas colaboradoras.

Por esta razão, lamentamos a maneira como o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde conduziu o tema do assédio moral, atacando nossa instituição. Nosso hospital completa, em maio próximo, 55 anos de um trabalho que tem nas pessoas um dos seus mais importantes pilares. Nossos esforços sempre se direcionam no sentido de acolhê-las, escutá-las e promover seu desenvolvimento pessoal e profissional, a fim de, entre outros resultados, buscar a melhoria contínua das relações humanas e dos ambientes de trabalho.

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O assunto, internamente, vem sendo tratado de forma responsável, conforme comunicamos ao Sindisaúde ainda por ocasião de reunião presencial ocorrida em outubro de 2023. De acordo com as nossas constatações, foram e continuam sendo dados os encaminhamentos necessários para a adoção de medidas enérgicas e efetivas.

Contamos com uma sólida estrutura para detecção e apuração de denúncias, vinculada à área da Integridade, que, mesmo antes da visita dos representantes sindicais, já apurava os episódios de assédio moral supostamente ocorridos. Diante de um tema tão atual, como é este, é importante que lancemos mão de novas ferramentas, que nos permitam – a todos – mitigar qualquer fato relacionado à questão em voga.

Enfatizamos que jamais compactuamos, fomos coniventes ou omissos em situações desta natureza. Todas as Ocorrências são apuradas e desenvolvemos um permanente trabalho de divulgação dos canais para manifestação, além das políticas de capacitação, desenvolvimento e treinamento para identificação das práticas de assédio no ambiente de trabalho.

Reiteramos o propósito institucional do cuidado amoroso à vida, para nós, missão inegociável.


Edição: Katia Marko