Por Marcos Freitas
Querido Brindeiro, Querida Paula!
Hoje realizamos o 29º Grito das Excluídas e dos Excluídos e foi daquele jeito: feito na hora que nem caldo de cana.
O lema desse ano foi uma pergunta: "Você tem fome e sede de quê?"
Oxente! A gente tem fome e sede de tanta coisa, né não, meus amigos?
A gente tem fome de terra, teto e trabalho!
A gente tem fome de justiça social!
A gente tem fome de transformação e revolução!
A concentração aconteceu lá na esquina do Liceu paraibano e, como sempre, tiveram aqueles que chegaram primeiro, outros que chegaram depois; o ônibus que chegou no ponto e o povo chegou depois; alguém fala que tem um problema e outra já responde que foi resolvido...
Eu, por arte não sei de que, levei nas minhas sacolas com boné do MST e com camisas do Movimento Brasil Popular o meu amigo de todas as horas: meu pandeiro quadrado!
O sol tava quente. O negócio estava meio demorado. O busão com o Maracatu Quilombo Nagô ainda não tinha chegado e a 'morgação' já estava batendo.
Foi quando senti vossas presenças sempre presente e saquei meu pandeiro quadrado e comecei a cantar junto com o pessoal do Movimento de Moradia.
"Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Mas onde é que eu vou morar, se derruba meu barraco é de lascar, ainda mais com 4 filhos onde é que vou morar?!"
Quando acabou o pessoal pediu bis. Não deixei barato e já emendei com aquela outra que aprendemos juntos e tanto cantamos:
"Pisa ligeiro, pisa ligeiro. Quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro!"
Ô povo ficou animado, viu? Pense!
O tempo passava e a nossa entrada no desfile como sempre ainda não estava certa. O pessoal da coordenação decidiu que a gente ia lá pra lagoa pra ficar na boca da botija. Foi o tempo do maracatu chegar e a gente intensificar a animação!
Depois de muita luta, muita negociação, de muita peleja, chegamos num acordo. Depois do último a gente entraria. Pois pronto. Já estávamos à postos.
Brindeiro, foi bom demais, viu? A gente ficou assim: abrindo nosso desfile ia a faixa principal do Grito, em seguida do Maracatu Quilombo Nagô e logo depois uma faixa grande com uma mensagem polêmica. Era o faixão do Movimento Brasil Popular com a reivindicação exigindo a prisão de Bolsonaro! Isso mesmo. Dizia a faixa: "BOLSONARO NA CADEIA: Golpismo e Genocídio na Pandemia!" E em seguidas os blocos dos movimentos sociais e sindicais.
A gente estava naquela: será que a nossa mensagem seria bem recebida pelo povo que foi assistir ao desfile ou seríamos hostilizados? Oxente! Foi bom demais! De repente alguém inventou um grito de ordem: "Arreia. Arreia. BOLSONARO na Cadeia!". Aí pronto,o pessoal que assistia o desfile, em apoio, gritou junto! Outros faziam o L e gritavam em apoio a Lula.
Só sei que embalados pelo som do Maracatu, pelo apoio do povo e pela energia positiva que vibrou. fizemos todo o percurso do desfile e demos, juntos, o nosso 29° Grito em João Pessoa e com certeza vocês estavam com a gente!
"Viva a Luta! Viva!
Nossa União!
Quem são vocês?!
O Povo Unido outra vez!"
Viva Ricardo Brindeiro! Viva Paula Oliveira Adissi! Viva nossa luta!
*Este ano completam 10 anos da morte de Ricardo Brindeiro que viveu, como disse seu amigo Alder Júlio "uma militância multiforme: nas pastorais sociais, no movimento estudantil, na política partidária, nos movimentos populares, nas organizações de base de nossa sociedade".
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Edição: Polyanna Gomes