Paraíba

DEMOCRACIA EM JOGO

Conselhos da UFPB se reúnem para discutir destituição do reitorado de Valdiney Gouveia e Liana

ADUFPB, DCE e comunidade acadêmica acusam gestão de repressão, censura e alinhamento ideológico à extrema-direita

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Valdiney Gouveia, apontado como interventor da UFPB. - Captura de Tela - Vídeo

Acontece nesta terça (16), a partir das 9h da manhã, a reunião do chamado "Conselhão", que junta os Conselhos Universitário (Consuni); de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe); e o Conselho Curador, para decidirem sobre o dossiê, elaborado pelo Comitê Contra a Intervenção na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que pede a destituição do reitor e da vice-reitora, Valdiney Gouveira e Liana Filgueira. O documento registra uma série de motivos que apontam repressão e a censura no ambiente acadêmico; ataque a entidades representativas e movimentos democráticos; descaso com as condições de vida de estudantes e trabalhadores; gestão da universidade subordinada ao alinhamento ideológico à extrema-direita e usurpação e esvaziamento das atribuições e competências dos Conselhos Superiores da Instituição.

Desde que foram nomeados que Valdiney Gouveira e Liana Filgueira são alvos de protestos por parte da comunidade acadêmica da UFPB. Eles não receberam nenhum voto, durante o processo eleitoral de escolha para a reitoria, e mesmo assim foram os nomeados pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), como reitor e vice-reitora, respectivamente, em detrimento às reitoras eleitas pela comunidade acadêmica, Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega.

"Em inúmeras assembleias da ADUFPB, o problema da intervenção na UFPB foi abordado e discutido, ficando sempre evidente a indignação e a rejeição da categoria docente quanto à nomeação, para os cargos máximos da instituição, do professor Valdiney Gouveia e da professora Liana Filgueira Albuquerque, candidatos não eleitos e não votados pelo colégio eleitoral. A oficialização nos cargos, que ignorou a condição de zero voto da dupla, cujos nomes constaram como últimos na lista tríplice por força de liminar judicial, tentou imprimir na UFPB uma reedição — farsesca — dos anos de chumbo no Brasil. Na prática, entretanto, as consequências têm sido graves e exigem reparação, já que as professoras Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, respectivamente reitora e vice-reitora legitimamente eleitas pela comunidade universitária e vencedoras do pleito no colégio eleitoral, não foram empossadas", se posicionou a ADUFPB em nota.

Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPB se pronunciou, em rede social, convocando os estudantes a protestarem contra a gestão de Valdiney e Liana: "A comunidade acadêmica cansou das perseguições, dos desmandos e das falcatruas realizadas durante a sua "gestão". Chegou o momento de darmos um fim a esse processo de intervenção, mas para isso contamos com a presença massiva des estudantes".

É a primeira vez na história da UFPB que um reitorado sofre um pedido de destituição de ambos os ocupantes dos cargos máximos da instituição.

Caso o conteúdo do dossiê, construído pelo Comitê Contra a Intervenção na  UFPB, seja aceito pelos conselhos superiores, ele seguirá para o Ministério da Educação, que vai deliberar sobre a admissibilidade ou não do processo — que, por sua vez, acarretará a destituição definitiva do atual reitor e da vice-reitora da UFPB. 

A reunião, que tem previsão para iniciar às 9h desta terça-feira (16), tem previsão de encerramento para às 17h.

Edição: Heloisa de Sousa