Paraíba

ELEIÇÕES 2022

Adjany e João desmascaram Cunha Lima e Nilvan em último debate dos candidatos ao governo da PB

Candidatos lembraram dívidas dos oponentes com os direitos dos trabalhadores e com a Justiça

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Clima do debate foi “morno”, com destaque para os embates de Adjany Simplício e João Azevêdo com Pedro Cunha Lima e Nilvan Ferreira - Reprodução: Deivid Ribeiro/TV Cabo Branco

Cinco candidatos ao governo da Paraíba participaram, na última terça-feira (27), do debate promovido pela Rede Paraíba, o último debate televisivo antes do primeiro turno de votações das Eleições 2022. Os candidatos convidados a participar do debate foram aqueles com representação no Congresso Nacional: Adjany Simplicio (Psol), João Azevêdo (PSB), Nilvan Ferreira (PL), Pedro Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital (MDB).

Ao longo dos quatro blocos de debate, os candidatos discutiram sobre temas como desemprego, educação, turismo, inclusão social, promessas de campanha, corrupção e outros. No primeiro e terceiro bloco os candidatos fizeram perguntas com tema livre, e no segundo e quarto os temas das perguntas foram sorteados pela produção do debate.

De modo geral, o clima do debate foi “morno”, com discussões pontuais entre os candidatos participantes. Entre elas destacam-se os embates de Adjany Simplício e João Azevêdo com os candidatos de direita, Pedro Cunha Lima e Nilvan Ferreira.

Machista

O primeiro embate entre Adjany Simplício e Nilvan Ferreira se deu logo no primeiro bloco, quando a candidata do Psol questionou o candidato do PL sobre seu apoio à revogação da Caderneta da Gestante proposta pelo governo Bolsonaro. A Caderneta da Gestante é um instrumento de acompanhamento do pré-natal que é distribuído para todas as gestantes que utilizam o SUS.

Na resposta, Nilvan sequer comentou sobre a caderneta, mas fez questão de dizer que é “um homem extremamente contra o aborto, defensor da vida desde a sua concepção”, “Não tem qualquer tipo de argumento ou justificativa que possa me fazer defender qualquer modalidade de aborto”, acrescentou.

Além de não responder a candidata, na tréplica, o comunicador, em tom de ironia, convidou a professora a votar em Jair Bolsonaro (PL) para presidente. O assunto voltou à tona no segundo bloco, quando Adjany foi novamente provocada pelo bolsonarista:

“Que o senhor goste de Bolsonaro eu entendo, mas o senhor não trouxe essa pergunta para nenhum dos outros homens aqui do palco em nenhuma das oportunidades. Pra mim isso isso é um deboche. Isso é uma expressão machista de sua posição e um limite explícito para poder discutir sobre saúde materna. Em nenhum momento eu falei sobre aborto. Eu falei seriamente sobre saúde materna, sobre uma questão que aflige as mulheres e sobre uma desresponsabilização do Governo Federal sobre a violência obstétrica que acomete as mulheres”, pontuou a candidata.

Sonegador

No terceiro bloco, Nilvan voltou a ser confrontado, mas desta vez por João Azevêdo. O candidato do PL induziu que o governador estaria envolvido em um suposto esquema de corrupção configurado pela compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste durante o enfrentamento à pandemia de Covid-19.

Além de esclarecer as informações sobre a compra – que, de fato, existiu e que é tema de um processo na Justiça movido pelo Consórcio contra a empresa fornecedora – João aproveitou para retrucar a acusação do oponente citando os processos que pesam contra ele no Judiciário.

“É preciso que as informações não sejam falseadas. Você tenta colocar isso para a esquerda do Brasil como se, por acaso, todo mundo da esquerda fosse corrupto. O que não é verdade. Porque você se considera de direita e está sendo processado por corrupção e sonegação de imposto. Então não me venha com essa tentativa de lição de moral”, afirmou o candidato à reeleição.

UEPB

João Azevêdo também protagonizou outro momento importante em um embate com Pedro Cunha Lima. Logo no primeiro bloco, o governador questionou o fato do candidato do PSDB se dizer defensor da Educação e não ter direcionado nenhuma emenda de recursos à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em seu último mandato como deputado.

“O senhor tem tratado muito do tema educação e muitas vezes citado até o orçamento da UEPB. Entretanto, no seu mandato, o senhor não disponibiliza absolutamente nenhuma emenda pra ajudar a UEPB, dentro de uma lógica, com certeza, da privatização do ensino que o senhor pensa que é o melhor caminho”, destacou.

Na réplica, Cunha Lima lembrou que havia destinado uma emenda destinada em 2016, o que foi reconhecido por João, embora se tratasse de mandato anterior.

Previdência

No segundo bloco, foi a vez de Adjany Simplício lembrar o desserviço prestado por Cunha Lima aos trabalhadores e trabalhadoras da Paraíba durante sua atuação no Congresso Nacional.

Ao ser convidada pelo candidato tucano a responder a pergunta sobre inclusão social, a candidata foi precisa:
“É importante a gente trazer também outros elementos que contribuem com a inclusão social. Um deles, por exemplo, é a garantia da seguridade, da Previdência [Social], que o senhor, no seu mandato, votou contra a permanência da Previdência e [a favor] da redução dos benefícios”, sublinhou Adjany.

Deputado federal desde 2015, Pedro Cunha Lima votou, no 1º e 2º turnos, a favor da proposta de reforma da Previdência (PEC 6/19). Entre as mudanças propostas pela PEC destacam-se o aumento das alíquotas de contribuição, a ampliação do tempo de contribuição e uma nova forma de cálculo do benefício que reduz o valor das aposentadorias dos trabalhadores e servidores públicos. De modo geral, com a reforma, os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras passarão a trabalhar por mais tempo, contribuir mais e receber um benefício menor.

Edição: Maria Franco