Rio de Janeiro

CULTURA

No Rio, peça "Joãosinho & Laíla: Ratos e Urubus, larguem minha fantasia" lembra carnaval de 89

Espetáculo remonta desfile que causou polêmica ao levar Cristo Redentor coberto com plástico preto para a Sapucaí

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
teatro carnaval
Elenco conta a história do desfile e leva ao público um pouco da dinâmica dos bastidores do carnaval - Claudia Ribeiro

Um dos desfiles mais marcantes da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, o enredo da Beija-Flor de 1989 vai ser relembrado a partir desta sexta-feira (9) no palco do Sesc Copacabana. "Joãosinho e Laíla: Ratos e Urubus, larguem minha fantasia" via mostrar no teatro a importância dos desfiles das escolas de samba para a cultura carioca.

A peça mostra o trabalho de Joãosinho Trinta e Laíla, carnavalesco e diretor de carnaval do emblemático desfile da Beija-Flor de Nilópolis em 1989, com o enredo "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", e retoma o universo revolucionário de mendigos fantasiados e mendigos reais, com a réplica da estátua do Cristo Redentor – em farrapos – coberta por um plástico preto

A montagem no Sesc rende homenagem ao samba e às figuras do carnaval carioca, cujas vidas fazem parte da história da cidade e, por extensão, da história do país, dada a importância deste patrimônio cultural popular e histórico que é o carnaval do Rio. O espetáculo passa por acontecimentos de grande comoção midiática entre os anos de 1989 e 1990. Oito sambas enredo costuram a cronologia do espetáculo.

A ideia para o teatro surgiu de uma conversa de Édio Nunes, diretor da peça, que participou do histórico desfile, com o coreógrafo de comissão de frente Patrick Carvalho. É forte a memória daquele carnaval.

"Jamais esqueci a cena em que nós, os mendigos, arrancávamos o plástico preto que cobria a réplica da estátua do Cristo Redentor, um Cristo mendigo, que havia sido censurado pela Igreja e execrado pela mídia. Durante o desfile, a gente foi arrancando aquele plástico, desvelando aquele Cristo, provocando uma comoção", conta o diretor.

"Joãosinho e Laíla são, com certeza, dois dos responsáveis pela construção do espaço de transgressão e de irreverência que tem a arte, essa poderosa ferramenta social e política", conta Márcia Santos, que assina o texto do espetáculo, acrescentando que o enredo de 1989 estendeu o tapete para que o Carnaval de hoje possa desconstruir preconceitos, como foi o caso da atual campeã, Grande Rio, com o desfile sobre Exu.

Serviço

"Joãosinho & Laíla: Ratos e Urubus, larguem minha fantasia" fica em cartaz na Arena do Sesc Copacabana, na rua Domingos Ferreira, 160, em Copacabana, na zona sul do Rio, até 3 de julho. As sessões são de quinta a domingo, às 19h. Os ingressos custam R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira). A peça tem duração de 75 minutos.

Edição: Eduardo Miranda