Paraíba

Coluna

O 1º de maio e a saúde mental dos/as trabalhadores/as

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Ilustração - Card: Reprodução
Falar sobre saúde mental em um contexto de crise político-econômica e sanitária é indispensável

Por Elisabete Vitorino*

Um espaço para falar de saúde mental é inaugurado pelo Brasil de Fato Paraíba. Uma honra para esta autora publicar o primeiro texto deste que se pretende um espaço comum para compartilhar conhecimentos e, principalmente, defender uma sociedade anticolonialista, antirracista, antimanicomial e, portanto, anticapitalista.

Para iniciar, eu apresento um tema relacionado com esses dias, para nós trabalhadores/as. O 1º de maio é uma data comemorada e vários países do mundo e não poderia ser diferente, porque a data representa às lutas dos/as trabalhadores/as.

O atual contexto nacional tem descaracterizado, cada vez mais a data e seu significado. Por isso, cabe-nos não deixar que as lutas e as conquistas da classe trabalhadora sejam esquecidas ou até mesmo apropriadas pela classe dominante. Falar sobre saúde mental em um contexto de crise político-econômica e sanitária é indispensável.

As condições socioeconômicas da classe trabalhadora têm sido cada vez mais prejudicadas pela atual conjuntura brasileira e com isso a saúde mental sofreu os impactos. Dados da Organização Mundial de Saúde de 2020 mostram que 41% de brasileiros diziam se sentir insônia, ansiedade e depressão. 

“Paz entre nós, guerra aos senhores! Somos irmãos, trabalhadores!”

Em 2022, o Ministério da Saúde divulgou, no último dia 07 de abril, pesquisa em que 27.093 brasileiros/as com 18 anos ou mais informaram terem recebido diagnóstico para depressão no último ano. Os dados mostram que os/as brasileiros/as que estão em idade produtiva são afetados por problemas de saúde mental, como depressão.

As pesquisas têm mostrado que trabalhadores/as têm sua saúde mental extremamente pelo processo de precarização do trabalho, que envolve desde os baixos salários ao assédio moral existente no local de trabalho. O assédio moral ainda é uma prática difícil de ser identificada pelos/as trabalhadores/as, pois consiste na exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, no exercício de suas atividades.

O assédio moral é uma das causas mais frequentes de problemas de saúde mental em trabalhadores/as. É importante as atitudes que se caracterizam como assédio moral, como: retirar a autonomia do/a trabalhador/a; sobrecarregar o/a trabalhador/a com novas tarefas; e, não levar em conta seus problemas de saúde. O assédio pode desencadear no/a trabalhador/a: hipertensão arterial (pressão alta); alteração do sono; crises de choro; isolamento; depressão; síndrome do pânico; estresse; e suicídio.

Todas essas enfermidades podem parecer algo recente para a classe trabalhadora, algo dos “nossos dias”. Mas, elas não são. O próprio Karl Marx já nos alertava sobre os impactos do capitalismo na saúde mental da classe trabalhadora. Em sua obra “Sobre o suicídio” lançado no Brasil 2006 pela Editora Boitempo podemos encontrar uma análise sobre a relação capitalismo e problemas de saúde mental.

Cabe-nos não deixar que as lutas e as conquistas da classe trabalhadora sejam esquecidas ou até mesmo apropriadas pela classe dominante

Antes de terminar este ensaio gostaria de citar um trecho do hino da 1ª Internacional que diz “Paz entre nós, guerra aos senhores! Somos irmãos, trabalhadores!”. É uma forma de dizer que apesar de tudo nos acomete em uma sociedade colonialista, racista e capitalista ainda podemos muito, porque somos nós que movemos o mundo.

*Por Elisabete Vitorino – Assistente Social, Mestra em Serviço Social, Especialista Residente em Saúde Mental e Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos. 

 

 

 

Edição: Cida Alves