Paraíba

EM ENTREVISTA À PB

"Nós não temos governo, temos um negacionista destruidor", diz Lula à rádio paraibana

O ex-presidente também falou da importância dos investimentos públicos na Petrobras para conter alta nos preços

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Lula em entrevista para a rádio Espinharas (PB). - Reprodução

O ex-presidente e atual pré-candidato à presidência da República,  Luiz Inácio da Silva (PT), deu entrevista na noite de terça (15) a uma rádio do interior da Paraíba, a Espinharas FM de Patos, 97,9 MHz, e falou durante uma hora sobre seus planos para o Brasil e algumas movimentações políticas que seu partido vem fazendo para as eleições de outubro de 2022.

A entrevista foi feita ao vivo e transmitida pelo youtube. Lula apresentou imenso respeito ao povo do sertão e começou falando dos aspectos positivos que seu governo fez pela economia brasileira, lembrou do feito da transposição do Rio São Francisco, obra prometida desde Dom Pedro e que nunca havia saído do papel. Afirmou ter feito, ele junto com a ex-presidenta Dilma Rousseff, 90% da obra e que, agora, Bolsonaro (PL) quer dizer que ele quem a realizou.

O ex-presidente também falou da importância dos investimentos públicos na Petrobras e do papel da empresa para o bem estar social das brasileiras e dos brasileiros. O ex-presidente afirmou que o que falta para que o preço da gasolina e do gás não seja tão alto é um governo que saiba fazer gestão e que tenha competência para isso, para que a empresa não seja apenas uma mera vendedora de óleo cru, mas que possa ter refinarias. "Tem uma coisa que é importante a sociedade aprender, toda vez que a elite brasileira, que os representantes do capitalismo conservador brasileiro querem destruir alguma coisa, eles passam a vender a ideia de que a empresa não é produtiva, de que a empresa não é rentável, que é mal gerenciada, que tem corrupção, ou seja, eles criam todo um processo de mentiras, de destruição para que a sociedade então comece a dizer que a iniciativa privada é melhor. Eles primeiro criam um inimigo, vendem o inimigo, criam o terrorismo e depois convencem à sociedade de que a guerra é necessária", falou Lula sobre a tentativa do governo Bolsonaro em desvalorizar a Petrobras e destruí-la. 

A Petrobras, segundo Lula, era a bolsa de valores do Brasil, em 2010, durante seu governo. "Nós tivemos a maior capitalização da história do capitalismo. Não foi feita no Japão, não foi feita nos Estados Unidos, nem na Alemanha. A maior capitalização de uma empresa da história da humanidade foi feita exatamente no Brasil, na bolsa de valores de São Paulo, quando nós descobrimos o pré-sal fizemos uma regulamentação, criamos a Lei da Partilha e para que a Petrobras tivesse dinheiro para continuar a fazer investimentos na construção de sondas, na construção de navios, na construção de plataformas, capitalizamos a Petrobras. Ela não era tratada como se fosse apenas uma empresa de petróleo, ela também investia no desenvolvimento do país", afirmou. O pré-candidato pelo PT à presidência explicou que quando passou a adotar que tudo o que fosse produzido no Brasil, tivesse conteúdo nacional, "por exemplo, um navio da Transpetro, uma plataforma, ou uma sonda, quando ela era construída, a gente exigia que ela tivesse 65% ou 70% de componente nacional", isso fez com que se criasse uma quantidade enorme de empresas para produzir e fornecer produtos para a Petrobras, explicou. 

Lula lembrou que a Petrobras também investia em ciência e tecnologia e que por isso que conseguiram extrair o pré-sal com mais de 7 mil metros de profundidade em alto mar. Atualmente, segundo o ex-presidente, foram vendidos quase todos os poços de petróleo que tinham no Nordeste e quase todos os poços terrestres do Brasil, assim como os gasodutos, refinarias, a BR distribuidora. "Estamos numa crise agora, pois faz 40 anos que não se fazia refinarias nesse país. Nós começamos a fazer no Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Recife e a Clara Camarão, no Rio Grande do Norte, que era para produzir gasolina de aviões, ou seja, era isso que ia fazer com que o Brasil não fosse exportador de óleo cru. O Brasil fosse exportador de derivados de petróleo, que é o que traz benefícios e lucros para o país", explicou.

Segundo Lula, tudo isso foi desmontado, incluindo, os royalties do petróleo que eram destinados a investimentos para a saúde e educação. "Hoje, nós temos 392 empresas  importando gasolina a preço de dólar e essa gasolina chega aqui a preço de dólar fazendo com que o povo brasileiro pague uma das gasolinas mais caras do mundo, se comparada à renda do brasileiro. Quando na verdade a nossa gasolina foi pesquisada em real, extraída em real, refinada em real, não tem porquê ela ter o preço de dólar. Acontece que, como nós não fizemos refinaria, nós hoje temos que importar porque a incompetência é muito grande de quem governa esse país desde o golpe da Dilma",  afirmou Lula, que lembrou que o Brasil é o país do etanol e do biodiesel e que isso pode ser uma alternativa ao preço da gasolina. "Não venha jogar culpa na guerra da Ucrânia nem da pandemia, na verdade a culpa está na cabeça de quem governa esse país que não tem nenhuma preocupação com a soberania do Brasil", disse.  A consequência desse desgoverno, segundo Lula são os constantes aumentos de preço nos combustíveis e no gás de cozinha, que impactam principalmente a população mais pobre, que nem carro tem, mas que compra o leite e o pão a preços absurdos por causa dessa política de preços dolarizada.

O petista foi perguntado sobre uma declaração do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, de que ele poderia ser assassinado na campanha eleitoral deste ano, e respondeu que teme pelo acontecimento, mas que tem muita fé em Deus. "Ele só gosta de violência, o negócio dele é a relação dele apodrecida com uma parte dos milicianos desse país, que quem sabe foram os que mataram a Marielle, que ontem completou aniversário da morte dela. Então, eu tenho preocupação, mas como eu sou uma pessoa de muita fé, de muita crença, eu, sinceramente, acho que o que vai acontecer é que o povo brasileiro vai dar um golpe nesse país e vai reestabelecer a democracia, será a morte política de Bolsonaro pelas mãos dos eleitores brasileiro, do povo brasileiro", declarou.

O petista também falou sobre o vice na chapa do PT e disse que aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ainda não está definida, assim como a sua própria candidatura também não está, fato que só vai ocorrer no mês de abril.  "Chega uma hora que a gente tem que bater o pênalti. Aí tem que bater com muita força para o goleiro não pegar. E aí é que a gente vai definir o time que vai entrar em campo. Eu acho que até o fim de abril a gente vai ter uma definição de quem vão ser os partidos aliados", afirmou. Ele também falou que está conversando com todo mundo, com muitas forças políticas e que espera que reunir um movimento amplo em defesa da soberania e da democracia brasileira. 

Lula chamou a atenção da população sobre a necessidade de votar em quem tem compromisso com o povo brasileiro e não em quem finge ser profissional liberal, mas na verdade é um banqueiro, ou grande empresário ou fazendeiro, e que apenas defende seus próprios interesses quando eleitos. Disse também que toda vez que alguém aparece na televisão dizendo que é um representante que quer mudar o Congresso, o Congresso piora e por isso, o povo brasileiro precisa ficar atento e não acreditar em qualquer um que conta mentiras, tem que pesquisar, tem que ir atrás e votar em quem realmente tenha compromisso com o futuro do país, e que pense igual ao povo brasileiro. 

Além disso, Lula disse ainda que, na Paraíba, está altamente convencido da necessidade de fazer uma aliança com o MDB, com Veneziano e que precisa juntar mais gente que quer ajudar no estado da Paraíba.

 

Edição: Heloisa de Sousa