Paraíba

SEM CONFETE

Carnaval 2022: Importância da Festa, Cancelamento e Pandemia da Covid

Blocos da Capital falam sobre cancelamento de uma das festas mais populares da cidade

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |

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Cafuçu saía nas ruas tradicionalmente na sexta-feira de carnaval.
Cafuçu saía nas ruas tradicionalmente na sexta-feira de carnaval. - Rafael Passos

Carnaval do Brasil é um bem cultural imaterial protegido pelo Instituto de Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional, o IPHAN, e é a maior manifestação cultural popular do país. O feriado também é um dos que mais impactam e movimentam boa parte da economia, em especial setores como turismo. O carnaval não só potencializa o desenvolvimento econômico e social, mas também colabora para a realização de políticas no campo da indústria, comércio, educação, esporte, cultura, e segurança.

Em 2021, todas as capitais do país cancelaram a festa popular em razão da segunda onda da pandemia. As autoridades suspenderam o feriado e ponto facultativo do período para evitar que as pessoas se aglomerassem. Agora, em 2022, mesmo com o cenário mais favorável e com o avanço da vacinação, os casos do aumento da variante ômicrom que elevou os casos de internação e mortes por covid, inviabilizou mais uma vez a realização do Carnaval.

Muitos questionamentos foram levantados acerca das festas privadas ainda estarem acontecendo em muitas capitais e cidades do país. Aqui na Paraíba, conforme o novo decreto do governo, no período carnavalesco, não haverá ponto facultativo. Apesar disso, o novo decreto da Prefeitura de João Pessoa diverge do decreto do Governo do Estado. A gestão municipal mantém o ponto facultativo nas repartições públicas e permite shows com capacidade máxima de mil pessoas. Já o estado libera até 5 mil pessoas.


Bloco Raparigas de Chico, em 2018. / Arquivo Pessoal

Silvia Patriota, é uma das organizadoras do Bloco de Rua As Raparigas de Chico, que brinca com a folia tendo a admiração, o respeito e o carinho pelo compositor Chico Buarque de Holanda, como suporte para a diversão carnavalesca.  Silvia fala sobre a realização das festas privadas em João Pessoa e o impacto do cancelamento do carnaval de rua para o povo. “O que a gente vê é que a grande massa popular, o povo, ficou carente desses dias de carnaval, ou seja, cada vez mais a gente percebe que essas aglomerações são realizadas para quem tem um poder aquisitivo maior. Nós, do Bloco Raparigas de Chico, recebemos a proposta para realizarmos um evento privado para mil pessoas, mas a equipe organizadora se reuniu e achamos por bem não realizar, porque o nosso objetivo é manter esse bloco de carnaval sempre no sábado, na rua e para o povo, curtindo as músicas de Chico Buarque e aproveitando o carnaval”, afirma Silvia.  

Buda Lira, organizador do Bloco Cafuçu, um dos mais tradicionais blocos de pré-carnaval de João Pessoa que aposta na irreverência dos figurinos bregas e acessórios exagerados para levar a animação, fala sobre a realização de um evento online que acontecerá no Bloco Cafuçu de Cajazeiras, no Alto Sertão. “O Bloco Cafuçu havia planejado com antecedência a realização de um baile porque tinha acontecido uma abertura, mas as coisas se complicaram nesse início de ano com o avanço da covid e achamos melhor cancelar. Pensamos num evento online, mas acabou não acontecendo. Por sorte, o nosso parceiro, que chamamos de nossa filial, o Bloco Cafuçu de Cajazeiras, vai realizar um evento na segunda, dia 28, com transmissão nas redes sociais para celebrar esse momento”, informa Buda Lira.

O carnaval é a festa do amor e da alegria, faz parte da formação cultural do povo brasileiro. Silvia Patriota acredita que a festa tem que ser feito do povo para o povo. “O carnaval é integrador e é uma das únicas festas que o entretenimento é livre e de certa forma gratuito, quando ele é de rua e está disponibilizado para um grande número de pessoas. E o carnaval é nossa grande alegria popular, um fenômeno de massa que agrega várias comunidades, culturas e pessoas, então a festa de carnaval tem essa característica”, opina Silvia.

Edição: Heloisa de Sousa