Paraíba

ACESSO CULTURAL

Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira deve ser inaugurada ainda este ano

O acervo, que fica na Associação de Moradores de Muçumagro, ainda está recebendo doação de livros. Veja como doar

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira - Card: Reprodução

A Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira, que receberá o nome do militante dos direitos humanos e ativista gay falecido em 2017, deve ser inaugurada ainda este ano na Associação de Moradores do Muçumagro (ACAM).

O ativista Luciano Bezerra Vieira que, carinhosamente, ficou conhecido como a 'Abelha Rainha', por liderar toda uma colmeia, foi educador de uma geração de militantes que hoje atuam profissionalmente em diversas áreas do conhecimento. Ele sempre associava a luta pelos direitos LGBTQIA+ ao combate ao racismo, machismo e todas as formas de discriminações e preconceitos, além da luta política por uma sociedade mais justa e solidária. 

A Biblioteca continua recebendo doação de livros, porém o acervo já se encontra disponível na Associação dos Moradores para as pessoas que moram na comunidade. A data de inauguração ainda será definida.


Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira / Foto: Arquivo Pessoal

Os títulos e assuntos mais desejados são: história, literatura, ciências, sociologia, antropologia, direito, história da Paraíba, cidade de João Pessoa e também temáticas sobre gênero e sexualidade.


Cleber Ferreira / Foto: Internet

Uma ideia na cabeça

A ideia veio de Wallam Silva, militante do MEL e da Associação de Moradores do Muçumagro, que conviveu com Luciano Bezerra nos últimos anos de vida da saudosa "Abelha Rainha".

No auge da Pandemia, quando tudo parou, o MEL e a ACAM se aproximaram para ajudar pessoas em situações difíceis nas periferias. Daí surgiu a ideia de criar uma biblioteca comunitária no bairro do Muçumagro”, conta Cleber Ferreira, integrante do Mel.


Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira / Foto: Arquivo Pessoal

Wallam, que é morador do bairro, possui uma história de luta e sobrevivência e tinha vontade de dar acesso aos livros às crianças e pessoas carentes do bairro Muçumagro.

"Nós queríamos um acervo para a população quilombola, e a gente está lutando por isso, e também queríamos um acervo para a população LGBTQIA+. Livros que abordassem esse tema. E aí veio a ideia, estamos lidando com o público, com a biblioteca, com o público LGBT, com o público quilombola, porque aqui em Paratibe é um quilombo", explica ele.

Em razão do negacionismo e da postura anti conhecimento, o desejo de estabelecer uma biblioteca comunitária se intensificou e houve uma mobilização na qual Wallam convenceu os moradores do bairro e membros da ACAM a fazerem uma campanha de arrecadação de livros.

O Movimento do Espírito Lilás (MEL) foi convidado a integrar a equipe e, juntamente com Wallam Silva e Victor Rodrigues, presidente da ACAM, propuseram identificar a Biblioteca com o nome de Luciano Bezerra Vieira, fundador do MEL e ativista gay falecido em 2017. 


Victor Rodrigues (camisa cinza) e Wallam Silva / Foto: Internet

Wallam comenta - e outros membros do MEL também - que Luciano Bezerra desejava comprar uma casa no Muçumagro e residir na parte mais rural para descansar um pouco da luta, porém o descanso veio em outra situação, e permaneceu a motivação de imortalizar Luciano Bezerra.


Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira / Foto: Arquivo Pessoal

Cleudo Gomes afirma que Luciano foi professor de História e tinha a proposta de ser educador popular: “Eu acho que é compreensível essa proposta de batizar o nome da ‘Abelha-Rainha’ numa Biblioteca, e que a mesma seja de acesso universal a todos os que precisam, e como o Muçumagro é um bairro distante, que a biblioteca seja montada numa região que precise de conhecimento e acesso à leitura”, opina ele.

Desde 2020 há uma intensa campanha de arrecadação de livros. A ACAM conseguiu doações de vários parceiros: Funesc através da biblioteca Juarez da Gama Batista, governo do estado da Paraíba, Associação dos Arquivistas da Paraíba (AAPB), Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana, de moradores e de usuários. 

"Agora estamos na fase de trazer livros para aumentar o acervo. E o pessoal da universidade também veio nos ajudar. Fizemos a separação dos livros que foram doados, e depois da separação agora vem a catalogação. Então é essa etapa que nós estamos agora. Então livros que vão entrando, a gente já está fazendo a catalogação deles", conta Wallam.

O MEL doou cadeiras e conseguiu oito caixas oriundas dos acervos de Cleber Ferreira e de outros usuários e leitores que preferem não se identificar.


Biblioteca comunitária Ativista Gay Luciano Bezerra Vieira / Foto: Arquivo Pessoal

Em 2021, os voluntários do MEL e da ACAM conseguiram o apoio do coletivo Bibliosolidários que é organizado por Vanessa Alves, que gratuitamente, junto a equipe de estudantes de Biblioteconomia da UFPB, estão higienizando, catalogando e selecionando o acervo. 

O espaço passou por uma reforma voluntários da ACAM. Ainda houve doações por parte da Biblioteca Central da UFPB e de pessoas que estão sensíveis à ação. 

Cleber adianta que são preferíveis livros em bom estado de uso, sem ser didáticos. Livros de conteúdo ultrapassado não são aceitos, contudo livros usados em bom estado, de temas que abordam a ciência e a literatura são bem vindos.

Para efetuar a doação deve-se procurar Cleber Ferreira pelo whatsapp (83) 98776-2702, Wallam Silva, (83) 99982-1460 ou Felipe Santos (83) 98695-2627

Para mais informações, procurar no Instagram: @projetobibliosolidarios, @acam_mussumagro, @melespiritolilas


 

Edição: Heloisa de Sousa