Paraíba

ARTIGO

Religiosidade

O importante não é crer ou não crer em Deus, mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Internet - Foto: Ilustrativa

*Sebastião Costa

Impressiona a capacidade do tema 'RELIGIÃO' despertar interesses, discussões, paixões. Dentro desse contexto, chama a atenção o pensamento de religiosos fervorosos que reivindicam  para si o direito ao reino de Deus baseado em sua fé e suas  práticas religiosas. Acreditam com convicção que sua fé, por si só já lhe concede o passaporte para estar bem com Deus.  A fé 'egocentriza' o religioso. Ele próprio estabelece suas relações com Deus
Não costumam refletir sobre o papel do cristão na sociedade e não se preocupam em enxergar na Teologia da Libertação a força evangelizadora que fez brotar o sangue cristão, devidamente transfundido às veias capitalistas da velha Igreja Católica Apostólica Romana.

O cristianismo, enquanto prática de vida ficou tão esquecido em meio às entranhas de um sistema insensível, egocêntrico, que as pessoas religiosas, desatentas, nem sequer percebem que sua grande fé em Deus, paradoxalmente lhe distanciam de Cristo. Do Cristo feito homem que amou os mais pobres, defendeu os humildes, perdoou os pecadores. 

Falar em religiosidade, sempre vale a pena lembrar Oscar Niemeyer, o ateu confesso, comunista assumido que o amigo Leonardo Boff admirava com muito respeito e falava dele com carinho : "O importante não é crer ou não crer em Deus, mas viver com ética, amor, solidariedade e compaixão pelos que mais sofrem. Pois, na tarde da vida, o que conta mesmo são tais coisas. E nesse ponto ele estava muito bem colocado. Seu comunismo está muito próximo daquele dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4".

Do próprio Niemeyer: “O importante não é a arquitetura, o importante é a vida. Mas não qualquer vida; a vida vivida na busca da transformação necessária que supere as injustiças contra os pobres"

 A Igreja Católica Apostólica Romana foi edificada nos alicerces dos primeiros cristãos. Ao longo dos tempos foi se afeiçoando às práticas capitalistas. Cometeu os pecados mortais das cruzadas, da inquisição e muitos outros pecados veniais. 
Exerceu durante séculos, lado a lado com ricos e poderosos influência e poder incontestáveis 
Vale a curiosidade de como  seria o julgamento da Santa Madre Igreja diante do juízo final, baseado nos  Mandamentos da Lei de Deus.

Capitalismo e cristianismo são antagônicos, impossível  coexistirem num mesmo espaço. O capitalismo é frio, calculista sem uma gota de sensibilidade cristã. O cristianismo é essencialmente solidário.

Se dos primeiros cristão foram gerados os primeiros católicos, o capitalismo ao longo dos tempos, com muito competência, tratou de engolir o cristianismo e cooptar o catolicismo.

A Igreja Católica durante as últimas décadas andou oscilante. Caminhou por uns tempos nas trilhas da Teologia da Libertação seguindo os caminhos dos ensinamentos de Cristo e nos pontificados Wojtyla e Ratzinger seguiu a rota do catolicismo distanciada da prática cristã.

Uma das primeiras providências do cardeal Bergoglio ao assumir o pontificado foi  convidar  o dominicano Gustavo Gutiérrez, teólogo que concebeu a Teologia da Libertação para uma visita ao vaticano. 

Conversaram longamente sobre o abraço da Igreja aos fracos e oprimidos!
Muitas palmas para o Papa Francisco!!!

*Sebastião Costa - médico

Edição: Cida Alves