Paraíba

POR DIGNIDADE

Famílias de Dubai protestam na rua contra péssima qualidade da comida distribuída pela PMJP

Crianças estão se alimentando mal e comida oferecida pela Prefeitura de João Pessoa nesta quinta (02) chegou azeda

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
"Queremos nossos direitos. Na hora de nos tirar, chegaram às 3h da manhã", diz o cartaz segurado por uma criança de Dubai. - Reprodução

As mais de 150 famílias que estão alojadas no ginásio da Escola Hermes Taurino, no bairro de Mangabeira se revoltaram na manhã desta quinta(02) ao perceberem que a comida, enviada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa para elas, estava estragada.

Com cartazes em mãos e indignação à mostra, as famílias ocuparam a rua em frente ao ginásio pedindo moradia e respeito. Muitas crianças estão tendo diarreia, por causa da situação da quentinha distribuída pela Prefeitura de João Pessoa, que está vindo estragada.


"Não somos animais para ficar em abrigo". / Reprodução

"A situação da comida não vem de hoje, já faz alguns dias que estão recebendo quentinhas e percebendo que a comida não está fazendo bem. Não só para as crianças, mas também para os adultos. Por isso, os moradores estão discutindo a possibilidade deles mesmos fazerem sua própria comida nos ginásios, ao invés de receberem essas quentinhas vindas da Prefeitura de João Pessoa", explicou Lenilson, que está acompanhando as famílias de Dubai.

Ronaldo e sua esposa, Vanderlúcia, denunciam que várias vezes a quentinha distribuída pela Prefeitura de João Pessoa chegou azeda. "Desde o dia 23 de novembro que está vindo vez ou outra comida estragada. Ontem, dia 1 de dezembro, a minha esposa ao terminar de se alimentar, começou a passar mal e está com diarreia desde ontem. Ela passou pela médica e a médica acha que ela está com infecção intestinal", falou Ronaldo.

Escute a seguir o depoimento da moradora despejada de Dubai, Clarissa, sobre a comida distribuída pela Prefeitura de João Pessoa: 

Desde o dia 23 de novembro que as quase 800 pessoas que estavam morando em uma área em Mangabeira 8, denominada de Dubai, foram removidas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa e desde lá estão alojadas no ginásio CPDAC, em Valentina, no ginásio  da escola Hermes Taurino e na escola João Gadelha, em Mangabeira. 

Prefeitura de João Pessoa na contramão das recomendações jurídicas do STF

No último dia 29 de novembro, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu o despejo  de Dubai dando a seguinte sentença: "CONCEDO A MEDIDA LIMINAR pleiteada e DETERMINO A SUSPENSÃO DA ORDEM DE DESOCUPAÇÃO concedida no Processo 0832701.66.2021.815.2001, podendo o Juízo da origem praticar atos instrutórios que entenda pertinentes. Comunique-se com URGENCIA ao Juizo Reclamado, encaminhando copia da petição inicial e desta decisão, para que dê cumprimento ao ordenado, prestando, ainda, informações, nos termos do art. 989, I, do CPC. Oficie-se ao Estado da Paraíba e ao Município de João Pessoa para que prestem informações, especialmente sobre a capacidade de assentar as famílias eventualmente desalojadas. Publique-se.".

Nesta quarta (01), o Ministro do STF, Luís Roberto Barroso prorrogou até 31 de março de 2022 as regras que suspendem os despejos e as desocupações durante a pandemia de covid-19, concedendo a liminar com base na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828, que suspende despejos neste momento de pandemia. A medida vale para imóveis localizados tanto na zona rural como urbana.

Para Barroso, há urgência no tema, uma vez que a pandemia continua e há centenas de milhares de famílias ameaçadas de despejo em todo o país. Os despejos, segundo Barroso, agravam severamente as condições socioeconômicas.

 

 

Edição: Heloisa de Sousa