Paraíba

Há 52 anos da morte

Filme Marighella finalmente estreia nos cinemas paraibanos; veja por que você não pode perder

Ator paraibano, Luiz Carlos Vasconcelos, que interpreta Câmara Ferreira, fala sobre censura ao filme e resistência

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Filme Marighella estreou nesta segunda-feira (1º) no Brasil e oficialmente nesta quinta (04) nos cinemas paraibanos. - Divulgação/Marighella

Nesta quinta (04), completam-se 52 anos do assassinato de Carlos Marighella, um brasileiro que entregou sua vida para lutar contra a tortura, a violência e a falta de democracia trazidas pela ditadura militar. Um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, Marighella também passou pelo Partido Comunista Brasileiro.

Desde 2019, o filme Marighella, produzido pelo ator Wagner Moura, aguarda para ser lançado no Brasil, enfrentando até o momento dificuldades por parte do governo brasileiro. E coincidentemente também nesta quinta (04) é o dia de estreia oficial do filme nos cinemas brasileiros e paraibanos.

Baseado na biografia Marighella: "O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", de Mário Magalhães, o filme de Wagner Moura conta a história de Marighella a partir da fase mais dura o golpe militar, de 1964 a 1970, mostrando os fatos praticados pela ditadura, como torturas, perseguições e assassinatos.

A espera pelo filme e os impedimentos para seu lançamento no Brasil geraram uma grande expectativa no público brasileiro e por isso, fomos conversar com o ator paraibano Luiz Carlos Vasconcelos, que protagonizou ao lado de Seu Jorge (Marighella), o personagem Branco, que é o de Joaquim Câmara Ferreira, braço direito de Marighella, na vida e na política. No filme, o Branco comanda o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e, por vezes, discute com Marighella sobre intensificar a luta armada, enquanto Marighella, por vezes, defende recuar.


Branco, personagem vivido por Luiz Carlos Vasconcelos, inspirado em Câmara Ferreira. / Reprodução

Sobre a postura do governo Bolsonaro em dificultar o lançamento do filme no Brasil, Luiz Carlos disse: "Se o governo que temos hoje no país, de perfil nitidamente fascista, tenta impedir o nosso filme de ser exibido no nosso país, isso já nos põe do lado certo da história. Se esse governo fascista tenta impedir que um filme como Marighella seja lançado aqui no Brasil fica evidente que estamos do lado certo da história". 

Para Luiz Carlos, as paraibanas e paraibanos devem assistir ao filme porque precisam conhecer a verdadeira história da ditadura. "É preciso conhecer essa história, verdadeiramente, porque o filme está apoiado na biografia de Marighella, Um guerrilheiro que incendiou o mundo, do Mário Magalhães, em cima de fatos históricos. Então, tudo o que você vai ver no filme, aconteceu. São fatos, aquilo que está sendo dito, ali, foi dito. Então é conhecer a história verdadeira, não a que a ditadura contou, mentirosa apontando aqueles guerrilheiros como inimigos da pátria, como terroristas. Assistir ao filme também é tomar uma dose de resistência. Temos que refletir sobre isso: como resistir a um momento tão sombrio da nossa história? Eu acho que talvez esses sejam os dois pontos mais importantes, conhecer a história de fato, resgatar a memória desses patriotas, homens e mulheres que tomaram para si as dores de um povo e seguiram a luta por nossa liberdade", opinou Luiz Carlos Vasconcelos.

O ator paraibano também falou da importância do filme Marighella mostrar  a luta de guerrilheiros e guerrilheiras, que em um momento determinado da história, decidiram que a luta armada era a única maneira de enfrentar a ditadura militar. "Para além dos julgamentos que a gente possa fazer sobre essa escolha, o que eu sinto é uma profunda admiração pela coragem,  pela determinação em tomar para si essa luta, uma luta que destruiu as suas vidas, a relação com as famílias, com os filhos, as mulheres, ou seja, são patriotas em um grau que eu não percebo, ainda mais estando no momento que estamos hoje, 2021, dentro de um governo, de uma ação política totalmente fascista. Então é da maior importância que esse filme seja visto, seja mostrado, que a gente possa discutir sobre resistência, esse é um ponto, independente da resistência que você possa tomar para si. Estamos resistindo ao governo Bolsonaro? Em que medida? Por que essa demora na ocupação das ruas? Então são muitas questões a serem postas e Marighella, o filme, traz essas questões. Além de ser um filme de amor, sobre amor de um pai por um filho, um filme de amor, da amizade entre aqueles guerrilheiros, especialmente entre o meu personagem, o Câmara Ferreira, e o Marighella, ou seja, é um filme que me enche de prazer e de fazer parte desse projeto nesse momento da nossa história, concluiu Luiz Carlos.

Então, se você ainda não comprou seu ingresso, corre nos cinemas e confere a história de vida, de luta e de resistência expresso no filme Marighella e a atuação brilhante do ator Luiz Carlos Vasconcelos.
 

 

 

Edição: Heloisa de Sousa