Paraíba

5ª COLOCAÇÃO

Artigo | Paralimpíadas de Tóquio: paraibanos recordistas e conquistas históricas

"O Brasil já é uma potência paralímpica e disso não podemos ter dúvidas"

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Petrúcio Ferreira comemora vitória nos 100m logo após cruzar a linha de chegada nos Jogos de Tóquio - Foto: Ale Cabral / CPB

A emoção do esporte continua impregnando o ar em Tóquio com os Jogos Paralímpicos que tiveram início, no dia 24 de agosto, e terminam no próximo domingo, dia 5 de setembro. O Brasil que estava em busca de sua 100ª medalha de ouro, conquistou a meta, na noite de segunda (30), no atletismo, com Yeltsin Jaques nos 1500m (classe T11).  

Com 36 medalhas, sendo 13 de ouro, 8 de prata e 15 de bronze, o Brasil está, até o momento, na 5ª colocação no quadro geral dos jogos, o que já é considerado uma colocação histórica para o paradesporto brasileiro. O Atletismo e a Natação se destacam nesse número de medalhas e já batem recordes incríveis.  

O Brasil já é uma potência paralímpica e disso não podemos ter dúvidas: o trabalho que vem sendo desenvolvido por atletas e comissão técnica, as medalhas conquistadas e os recordes históricos, já nos mostra tal feito. Porém, ainda precisamos falar sobre investimento e visibilidade no paradesporto brasileiro. Um exemplo disso é quando percebemos que a medalha de ouro de um atleta paralímpico vale quase 90 mil a menos que a de um atleta sem deficiência. 

Em 2014, enquanto cursava jornalismo na UFPB, fui uma das editoras do Jornal Laboratório Questão de Ordem, e como pauta principal e reportagem de capa do nosso caderno de esportes, estava ele: Petrúcio Ferreira, que nesses Jogos de 2020 se tornou bicampeão paralímpico e o atleta mais rápido do mundo nos 100m da classe T47 para corredores com deficiências nos membros superiores, isso tudo com um recorde de 10s53. Lembro que, durante a entrevista o atleta nos falava das dificuldades de estar representando o paradesporto brasileiro, e uma delas era a falta de visibilidade.  

Antes de conquistar mais uma medalha olímpica, o paraibano foi o porta-bandeira da delegação brasileira na abertura dos Jogos de Tóquio e, já avisava ali, o tamanho da sua força para modificar essa realidade, pois continuaria erguendo essa bandeira no pódio. “Eu quero representar bem o meu Nordeste e o Brasil”, disse ele. 

A Paraíba chegou a Tóquio com 13 atletas que competem nas modalidades taekwondo, judô, natação, halterofilismo, futebol de cinco, goalball, e atletismo. Atletas que vão construindo sua história e trilhando conquistas nos Jogos Paralímpicos. 

Voltando a 2014, quando entrevistamos o jovem Petrúcio, ele já imaginava o lugar que iria ocupar, “Um pódio, e com uma douradinha no peito”, disse sorrindo. Lembro ainda que na entrevista ele já cravava, “Eu farei de tudo para conseguir representar bem o nosso país. Eu sei que tenho essa força e essa coragem dentro de mim!”, afirmou.  

E fez! Tornou-se o atleta paralímpico mais rápido do mundo na classe T47 e nos encheu de orgulho quando, emocionado, levava a cabeça o chapéu de couro do sertanejo, símbolo do Nordeste. E aí, eu penso que Euclides da Cunha sempre esteve certo quando afirmou, “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Petrúcio é bicampeão paralímpico, sertanejo e forte! 

Apoiem as Paralímpiadas! Torçam por nossos atletas!  

 

*Polyanna Gomes é jornalista e escrevinhadora das coisas lá do sertão, mas também é uma apaixonada pelo movimento de vida que o esporte proporciona. E sempre fã do Petrúcio Ferreira.  

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Heloisa de Sousa