Paraíba

VERGONHA ALHEIA

Enquanto Ministro da Educação diz que inclusão atrapalha, paraibano Petrúcio Ferreira é ouro

Movimento de Mulheres Negras na PB repudia em carta aberta declarações de Milton Ribeiro

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Petrúcio Ferreira, paraibano medalhista de ouro nas Paralimpíadas de Tóquio. - Reprodução

O paraibano de São José do Brejo da Cruz, Petrúcio Ferreira dos Santos, mostrou não só a Paraíba, mas ao mundo o que uma pessoa com deficiência pode fazer: ser ouro nos 100 metros rasos nas Paralimpíadas de Tóquio, e não apenas isso, ser bicampeão, repetindo a conquista de 2016 nas paralimpíadas do Rio de Janeiro. Petrúcio é um vencedor na classe T46/47 (para atletas com deficiências nos membros superiores).

A marca dessas paralimpíadas foi ainda melhor do que a de 2016, atingindo o tempo de 10s53, contra 10s57 do Rio de Janeiro. Dono do recorde mundial da prova, com 10s42, Petrúcio é um verdadeiro campeão. Ao ganhar, o atleta dedicou a vitória a Pedrinho Almeida, seu técnico, que trabalha incansavelmente pela inclusão de pessoas com deficiência no esporte e na sociedade de modo geral. O brasileiro Lucas Lima, que também disputou a prova, ficou em sexto lugar com o tempo de 11s14.

Por outro lado: há ignorância

Consolidando um discurso de ignorância e ódio às diferenças e à diversidade do povo brasileiro, o atual Ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou em entrevista ao programa "Novo Sem Censura", da TV Brasil, no último dia 19 de agosto, que a inclusão é algo que atrapalha a educação, pois o inclusivismo faz com que crianças com deficiência atrapalhem outras crianças que não estão nessa condição.

Enquanto uma das respostas concretas ao que foi declarado vem das pistas de atletismo, outra vem do Movimento de Mulheres Negras da Paraíba (MMN/PB) que se pronunciou, em nota, afirmando que "tais posicionamentos reafirmam um discurso de caráter racista, discriminatório e elitista nas relações humanas formativas e no mundo do trabalho, além de negacionista da educação emancipadora e inclusiva", diz.


Movimento de Mulheres Negras na Paraíba, registro de 2018 / Reprodução


Movimento de Mulheres Negras na Paraíba, registro de 2019 / Divulgação

A nota do MNU/PB, emitida no dia 23 de agosto é assinada por mais 13 entidades paraibanas, nas quais defendem uma educação básica que inclua todas as crianças, com ou sem deficiência, sem segregação ou escolas especializadas que excluem as pessoas com deficiência de um processo de integração e aprendizagem amplos.

"Defendemos uma Educação superior experienciada na autodefinição de corpos plurais de mulheres negras, homossexuais, bissexuais, transgêneros, heteros, pessoas com deficiência em diálogo com outros corpos negros, indígenas, periféricos, favelados, ribeirinhos, quilombolas, LGBTQIA+ e povos da floresta, na difusão dos princípios de liberdade e solidariedade humana, de acordo com os preceitos constitucionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394/1996)", afirmam.

 

 

 

Edição: Heloisa de Sousa