Paraíba

DA NOSSA TERRA

Artigo | Um artista popular

Conheça o artista plástico, José de Arimatéia Pereira Alexandre, conhecido como Ary Smart

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
José de Arimateia Pereira Alexandre – Ary Smart. - Reprodução

A arte ocupa um lugar privilegiado nos conceitos mais qualificados, quando se tenta caracterizar o que seria uma vida de “bem estar”, desejável à raça humana. É um valor imaterial incomensurável que reúne dimensões diversas: históricas, estéticas,  linguísticas, lúdicas… 

Quem tem qualquer preocupação programática, de um futuro distinto da realidade humanística que vivemos hoje, reserva destacada atenção à importância da arte e cultura, ao lado do conhecimento, como direitos humanos. O ideário comunista por exemplo, em geral estigmatizado, pelo conceito sintético de “fim da exploração do homem pelo homem”, idealiza a sociedade do futuro, igualitária, como de liberdade, justiça social, bem estar, e de pleno acesso ao saber, à arte e ao lazer. Daí a importância de se valorizar toda criação e produção artística, como cultivo deste ideário. 

Quero então me propor a registrar distintos artistas, nessa Paraíba que revelam, não apenas talento, criatividade, mas também estreito vínculo com nossa gente, suas raízes, sua cultura e assumido compromisso com a vida e as lutas deste povo. Hoje, um artista plástico; José de Arimatéia Pereira Alexandre – Ary Smart. 


Obra de Ary Smart. / Reprodução

Natural de Guarabira, no brejo paraibano – região fértil na agricultura e nas artes – solo que nos presenteou com Augusto dos Anjos, Jackson do Pandeiro, Zé Lins, Zé Pituca e Zé Américo, entre tantos, Ary  nasceu no dia 06 de outubro de 1983. De origem humilde, não conseguiu ir longe na escola e é praticamente autodidata. Como aspirante a artista teve um curso de desenho e pintura no SESC de Guarabira.  

Desde criança, deslumbrou-se pelo desenho e, graças ao apoio de seus professores que perceberam seu valor e o estimularam a desenvolver suas habilidades, Ary Smart trilhou rica jornada: pintor, desenhista, escultor, mestre na confecção e manipulação de teatro de bonecos, monitor de oficinas artísticas, arte educador, também já ministrou oficinas de artes terapêuticas.  

Essa performance lhe conferiu notoriedade na região, o que já lhe proporciona hoje exibir vasto currículo. Participou na região do Brejo de oito mostras coletivas de artes plásticas e já se apresentou em nove mostras individuais. 

Versátil, Ary se expressa através de diferentes gêneros das artes plásticas: a pintura em tela, a escultura, modelagem em papel machê, também em murais ou design publicitário. E como sobrevive de sua arte, quando a necessidade aperta não hesita em pegar uma ‘pintura’ de algum imóvel. Seus trabalhos são carregados de cores vivas que bem representam a diversidade que o rodeia: as belezas naturais, os folguedos e a religiosidade popular. 


Mais uma obra de Ary Smart. / Reprodução

No momento, nosso artista se dedica com afinco na produção de arte naïf, no que parece se sentir muito à vontade. Aliás é característica da arte naïf certo autodidatismo, desde que surgiu em 1886, numa exposição do pintor francês Henri Rousseau – que despertou atenção de ‘monstros sagrados’ como Picasso e do surrealista Joan Miró. Significando, “inocente”, “ingênuo”, “naïf”, se mostra uma pintura simplificada e “costuma exibir grande quantidade de cores, valorizando a representação de temas cotidianos e manifestações culturais do povo.” (Laura Aidar - Arte-educadora e artista visual). 

Agora Ary Smart prepara uma mostra exclusivamente sobre pintura naïf. Aguardemos. 

Profundamente vinculado às suas origens, retrata com seu talento o povo de onde veio. Sensível, reproduz momentos de dor e de alegria, da tradição cultural brejeira ou as lutas do dia a dia. Essa vinculação ao povo conduziu Ary para se envolver também politicamente, assumindo-se como comunista. Não é de admirar, afinal Guarabira tem tradição de luta, terra dos Aquino, dos ferroviários e sapateiros comunistas – como Chico do Baito. 

Tudo isto faz de Ary Smart um artista popular! 

*Servidor público aposentado pela UFPB, poeta e militante do PC do B.

Edição: Heloisa de Sousa