Paraíba

PERSEGUIÇÃO

Artigo | As sedes sindicais e as bombas democráticas

"Não se trata de alarme falso, a bomba do interventor é real e para ser desativada terá que haver muita luta"

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Universidade Federal da Paraíba, campus de João Pessoa. - Reprodução

Nesses tempos quando a autoridade se impõe sem respeito à democracia, os docentes e funcionários da UFPB estão sendo ameaçados de perder suas sedes sindicais. Um interventor imposto à comunidade quer retirar dos campi universitários as sedes dos sindicatos dos docentes e dos funcionários. Uma bomba contra a democracia.

No final dos anos 70 para driblar a proibição da sindicalização de servidores públicos imposta pela ditadura as associações docentes e de funcionários das universidades federais pipocaram em todo o país. Assim surgiu a Associação Docente da Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa (ADUFPB-JP) e a Associação dos Funcionários da UFPB (AFUFPB).

A primeira sede da ADUFPB-JP, foi uma pequena sala cedida pelo Prof. Luís Francisco Gonçalves de Andrade do Departamento de Psicologia. Ainda no projeto do Centro de Vivência as diretorias da ADUF e da AFUF foram procuradas para opinar sobre suas futuras sedes que dividiriam o pavimento superior do novo espaço do campus.

Nessa época a ADUFP-JP lutava pela reintegração de 3 professores injustamente demitidos através de greve local e anterior a todas as articulações nacionais. Em assembleia, no auditório do CT os docentes grevistas decidiram se deslocar para junto de sua futura sede que estava para ser entregue. O clima festivo de pré-inauguração da primeira assembleia do Centro de Vivência foi surpreendido por uma notícia assombrosa: uma ligação anônima avisava que uma bomba iria explodir a sede provisória do CCHLA, de maneira semelhante ao que havia ocorrido na sede da OAB e na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal foi chamada e constatou que o alarme terrorista era falso.
Desta vez, não se trata de alarme falso, a bomba do interventor é real e para ser desativada terá que haver muita luta dos docentes, funcionários e estudantes comprometidos com a autonomia universitária. A nosso favor temos a história de nossa tradição de luta que garantiu importantes conquistas para a Universidade brasileira.

*Paulo Adissi é professor aposentado da UFPB e foi Diretor da ADUFPB-JP entre 1979/80.

Edição: Heloisa de Sousa