Paraíba

Coluna

A incompetência da esquerda

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Ilustração - Reprodução
Impossível detectar um mínimo de planejamento racional com metas e objetivos definidos

Um olhar retrospectivo na América Latina e vamos enxergar raros momentos da esquerda no poder. E só chegou lá montada no prestígio de líderes como Evo na Bolívia, Correa no Equador, na força dos mitos Hugo Chavez na Venezuela, Lula da Silva no Brasil.

Justificável: de um lado, as gigantescas potencialidades da direita, que bota no bolso quase todo o dinheiro do país e, com isso, mexe os cordões dos quatro poderes da República, entre eles, o midiático. E lá do outro lado da rua ideológica, a esquerda desprovida de competência e de recursos midiáticos e econômicos.

Acrescente-se a isso a pouca afinidade da galera da direita com a democracia. Na sua infinita hipocrisia, vive a condenar governos de linhagem socialista - Cuba, Venezuela, na mesma proporção com que derruba, sem qualquer pudor, praticamente todos os esquerdistas eleitos pelo voto democrático.
 
Dos que resistem, Maduro segue na corda bamba e Cuba teve que se fechar para não ser engolida pelos cubano-americanos  da Flórida, de forte influência na política estadunidense e 24 horas por dia de olho nas potencialidades da ilha.

Mas por onde anda a incompetência da esquerda?

Essencialmente na sua incapacidade de se autorrefletir, enxergar e remover gargalos, promover diagnósticos e estabelecer estratégias de ações produtivas. Impossível detectar, no conjunto das esquerdas, um mínimo de planejamento racional com metas e objetivos definidos, ancorados na dura realidade política de nosso país. De quebra, o pedigree conflituoso com imensa capacidade de se desunir.

E, assim, segue a esquerda, eternamente minoritária e integralmente dependente do surgimento de uma estrela a guiar seus passos ao altar do poder. 

Com um pé nessa realidade, jornalistas, professores da universidade, economista, médico, representantes do PT e PSB, além de um expert em comunicação em rede social se reuniram no dia 13/11 no sindicato dos bancários (João Pessoa - PB) para discutir um projeto com a ousadia de querer sair da mesmice que sempre caracterizou as ações das esquerdas e pretendendo romper com aquele velho enclausuramento de sempre falar para si mesmas. 

Tem, ainda, a  pretensão clara de realinhar estratégias e diretrizes das forças progressistas, de olho na nova realidade do país, onde uma imensa parcela da população vive a expor sua repulsa aos movimentos sociais, partidos de esquerda e  minorias, que secularmente viveram espremidas em guetos sociais

Duas linhas de ação devem caracterizar o projeto: mobilização e comunicação.

Na mobilização, a participação efetiva da militância a trabalhar a cabeça das populações mais periféricas, poluída por redes sociais sem compromisso com a verdade dos fatos e pela imprensa conservadora cheia de compromissos com a manutenção do status quo.

Na comunicação, a utilização exaustiva e inteligente das redes sociais; a busca de parceiros da mídia tradicional mais simpáticas ao reordenamento social, além de um trabalho mais persistente de informação dirigida aos formadores de opinião.

A ideia central do projeto passa, fundamentalmente, pelo trabalho de reversão de mentalidade de grupos da sociedade, intoxicados diariamente pelo noticiário conservador a serviço de uma minoria habituada a manter, a todo custo, seus privilégios políticos, seus interesses econômicos.

Terá sido aquela reunião conduzida pelo espírito de Don Quixote De La Mancha? Pode ser! Mas, existe um pensamento muito convicto de que velhas metodologias precisam ser repaginadas e a certeza de que o primeiro passo precisa ser estimulado.
 

Edição: Heloisa de Sousa