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Opinião | Liberdade de Opinião

Alexandre Garcia idolatra uma época onde se torturava e o autoritarismo reinava

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
"Assim, Alexandre Garcia tem razão! A exposição do Pazuello a CPI realmente o promoveu. O promoveu como auxiliar de Hades dessa necropolítica" - Créditos: Reprodução

Alexandre Garcia surpreende qualquer um de bom senso nesse período pandêmico. Que ele morre de amores pela ala militar, desde os tempos sombrios, não é novidade para ninguém. Mas ele não pode fechar os olhos, ignorar e tentar justificar os atos mais obscenos do presidente.

O jornalista é bastante conhecido dos brasileiros e principalmente da geração mais jovem devido a sua participação por anos no programa matinal Bom dia Brasil na Rede Globo, o qual foi desligado da emissora em 2018 após 30 anos de serviços. Agora na CNN Brasil participa do quadro “Liberdade de Opinião”, no qual parece que para a CNN Brasil a opinião individual de um sujeito exprimida em abrangência nacional pode sobrepor o bem da coletividade em relação a saúde pública.

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Não se trata aqui de partidarismo ou de censura, como pode alegar o jornalista. Mas de racionalidade em relação a possibilidade de infecção de milhões de brasileiros, levando consequentemente ao colapso no sistema de saúde em várias partes do Brasil. Tudo isso, em função de uma “Liberdade de opinião” totalmente divergente de órgãos de saúde internacional, de cientistas, de médicos sérios e pesquisadores, estando apenas alinhado com os negacionistas do poder (expressão “gourmetizada” usada hoje em dia).

Diariamente Garcia vem defendendo todas as negligências do governo em relação a pandemia e medidas cientificamente ineficazes contra a covid-19. Agora afirma que as aglomerações ao ar livre são benéficas pois o sol ajuda na produção da vitamina D e em consequência a vitamina ajuda a combater o vírus. Sendo assim, justifica as aglomerações feitas pelo inominável por onde passa pelo país. Em 22 de janeiro chegou a defender a automedicação como “tratamento preventivo” (ou precoce), alegando ainda falta de bondade das pessoas ao proibir os cidadãos, que não são médicos, de se automedicarem.

A opinião do jornalista é totalmente divergente de órgãos de saúde internacional e cientistas

Mesmo após a declaração da OMS sobre a ineficácia da cloroquina e da ivermectina, Garcia, o apaixonado por uma farda, manteve-se firme em sua defesa desses medicamentos afirmando que, condenar que defenda essas ideias, seria censura. Ora, ele está sendo tão bom médico quanto jornalista. Fica a pergunta, a sua defesa é em prol do tratamento fracassado desses medicamentos ou é em defesa do presidente?

Alexandre Garcia afirma que o presidente cumpre a Constituição ao ser contra as políticas mais restritivas de circulação da população em função pandemia. Mas cala-se ao ser questionado se ações dos governadores ao adotar medidas mais restritivas de circulação seria uma forma de defesa da vida da população, algo assegurado constitucionalmente.

Por fim, afirmou na última segunda-feira (24) que a CPI da covid foi uma “promoção” para o ex-ministro, general Pazuello. No entanto, quando o general assumiu o Ministério da Saúde de forma interina em 15 de maio de 2020, havia no Brasil naquele momento 14.962 mortes, ao deixar o cargo o país apresentava 279.286 vidas perdidas.

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Antes de assumir o ministério, o general Pazuello foi reconhecido como “especialista em logística”, mas, como ministro, falhou miseravelmente em: no transporte de oxigênio para estados, principalmente no Amazonas; na negociação de compras de vacina; na distribuição de vacinas; e por fim, não levou em consideração que desafios logísticos com a vacina da Pfizer (baixa temperatura por exemplo) poderiam ser superados nas capitais do país, assim pouparia as demais vacinas que não requer tal cuidado levando ao pais um maior número de vacinados. Assim, Alexandre Garcia tem razão! A exposição do Pazuello a CPI realmente o promoveu. O promoveu como auxiliar de Hades dessa necropolítica.

A liberdade de Alexandre Garcia não é sobre sobrevivência da população nesse período delicado, e sim de sua própria sobrevivência espelhada em uma época por ele idolatrada, onde se torturava, onde havia corrupção, onde denunciantes eram “suicidados”, onde o autoritarismo reinava, onde o cidadão comum não tinha vez e nem voz. Esse amor por uma farda talvez possa ser explicado por aquele que ele exibe diariamente uma foto a sua direta em suas aparições na CNN. Freud.

Ediel Vieira Rangel é graduado em Sistemas de Informação e Ciências Contábeis, mestre em Engenharia, Tecnologia e Gestão.

Edição: Elis Almeida