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Não tem nada ganho, o caminho é longo e os desafios, enormes

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Lula, após recuperar seus direitos políticos em março, aponta a luta por vacinas e pelo auxílio emergencial e lidera as pesquisas - Ricardo Stuckert
Ninguém vence eleição faltando mais de um ano; o genocida está politicamente vivo e com chances.

A pesquisa DataFolha desta quarta-feira, 12 de maio, apontando Lula com grande vantagem na corrida eleitoral de 2022, é um alento às forças progressistas. Mas, também, um perigo. Ninguém vence eleição faltando mais de um ano para o pleito.

Em 1988, Leonel Brizola aparecia à frente em todas as pesquisas para 1989. Com as urnas abertas, sequer foi para o 2° Turno. Em 1992/93, durante e logo após o impeachment de Collor, Lula chegou a pontuar 60% das intenções de votos nas eleições marcadas para 1994. FHC levou no 1° Turno.

A pesquisa DataFolha dessa semana  aponta o desgaste do governo genocida de Bolsonaro. A bem da verdade, deveria ser muito maior. É um Presidente insuportável em todos sentidos. Um assassino frio, desumano. Deveria ser afastado e preso imediatamente para aguardar julgamento atrás das grades pelo genocídio cometido contra o povo brasileiro. 

Mas a pesquisa diz o contrário. O genocida está politicamente vivo e, ainda, com muitas chances. 

Explico.

A rejeição ao genocida cresceu exponencialmente nas camadas populares. Nos que tiveram a redução criminosa do auxílio emergencial. Ou seja, é um eleitorado vulnerável à situação econômica imediata. É uma camada que guarda a memória dos tempos bons de Lula, mas tem sua fidelidade eleitoral presa mais ao estômago do que às cores partidárias. 

Lembrando que com o auxílio emergencial de 600 reais, o genocida avançou nesse eleitorado. Do ponto de vista da contabilidade financeira governamental, o auxílio emergencial de 600 ou de 1000 reais não é nada. Nada.

Aliás, essa é a outra face da perversidade desse governo genocida. Fazer conta de trocados nas contas públicas e abandonar multidões à fome e à miséria. Um governo decente, generoso, dirigidos por humanos, estaria repassando um salário mínimo às famílias desamparadas e apoiando as micro e pequenas empresas para assegurar empregos.

Não é o caso. Temos um monstro frio e desumano na Presidência e um tecnocrata milionário no Ministério da Economia a quem o sofrimento e as dores do povo não tocam. Mas, como projeto de reeleição, eles podem e certamente mexerão nessa equação: auxílio aos pobres X votos.

Às forças políticas progressistas resta a militância diuturna para mostrar, a quem ainda não viu, o caráter desumano, criminoso, fascista desse presidente. Defender, independente da questão eleitoral, propostas que amenizam a dor e o sofrimento de brasileiros e brasileiros que estão jogados à miséria e a morrer de Covid-19 por esse governo assassino. 

A pesquisa mostra que a classe média brasileira continua procurando um poste para se colocar contra o PT. Certamente, os setores que mais se beneficiaram dos governos petistas, ricos e remediados alimentam rejeição insana contra Lula.

Insana porque suicida. O Projeto Lula de governo, a repetir sua passagem pela presidência, é inclusivo para os pobres e extremamente generoso aos empresários e à classe média de profissionais liberais. A rejeição a Lula nesses extratos sociais se deve a preconceito e burrice. Crônica, severa. Histórica.

Chegamos a um momento crucial da história do Brasil. As forças de direita, necrosadas em seu ódio de classe, em seu desprezo secular ao Brasil, não apontarão porque não têm alternativas plausíveis ao país. A responsabilidade das forças democráticas que, historicamente, sempre estiveram ao lado do povo e do Brasil é enorme. Não podem errar. 

É preciso agir com sabedoria, honestidade e franqueza. Aglutinar, somar. Respeitar os que pensam diferente, mas mostrar os caminhos. É uma tarefa quase missionária, de salvação nacional.

Combater fake news. Apresentar propostas, resgatar conquistas, alardear, propagandear as conquistas que tivemos nos governos petistas.

Organizar o povo. Fortalecer suas mais variadas formas de organização coletiva. Na torcida de futebol organizada, no "time de pelada", no condomínio, sindicato, associação de moradores, partido político... 

Organizar o povo e discutir política. Falar de política, elevar o nível da discussão, debatendo propostas. Nunca agredir o eleitor adversário. Não é com agressão, com xingamentos que elevamos o nível político dessas pessoas. 

Só um povo organizado, com consciência política elevada impõe um rumo de justiça ao país. O Brasil, as camadas oprimidas deste país precisam da consciência e sabedoria das forças políticas de esquerda, dos democratas, socialistas. Da unidade contra a tirania fascista, contra o genocídio bolsonarista. 

Com sabedoria, cautela, unidade, haveremos de construir um sólido movimento político capaz de resgatar o Brasil, de fortalecer as forças democráticas e superar essa fase. Depende de nós.
 

Edição: Cida Alves