Paraíba

CONTRA A FOME

Cozinheiras fazem protesto pela reabertura das Cozinhas Comunitárias em CG

Diante da fome e da quantidade de pedintes nas esquinas da cidade, um protesto foi realizado para abrir mais cozinhas

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Cozinheiras protestam pela reabertura das cozinhas comunitárias em Campina Grande - PB - Foto

Há cerca de uma semana, diversas entidades uniram-se numa força tarefa para reabrir uma das dez cozinhas comunitárias de Campina Grande. A unidade do bairro do Jeremias foi ocupada e reestruturada com panelas, botijões de gás, talheres, pratos e alimentos arrecadados e adquiridos.


Foto: Arquivo Pessoal

Diante da fome e da quantidade de pedintes nas esquinas da cidade, um protesto pela reabertura das outras nove cozinhas comunitárias aconteceu na manhã desta terça-feira (27), em frente ao Gabinete do Prefeito Bruno Cunha Lima (PSD). 

Coordenado pelo Comitê Contra a Fome em Campina Grande, um grupo de cerca de 20 cozinheiras da comunidade do Jeremias foi recebido por Gilbran Ásfora, Chefe de Gabinete do Prefeito, que revelou já possuírem uma planilha para reabertura dessas cozinhas, fechadas durante a gestão do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues.

A tal planilha apresenta um impedimento: alto custo - cerca de 50 mil reais por semana - para reabertura de cada cozinha comunitária na cidade.


Reunião no gabinete do Prefeito - Foto: Arquivo Pessoal

O grupo de cozinheiras protocolou um pedido de audiência com o prefeito, em caráter de urgência, para tratar da reabertura de todas as unidade locais.

“Diante da pandemia, a elevação do desemprego e a da volta da fome em grande escala, a reabertura desses equipamentos urbanos deve ser urgente. A prioridade do poder público nesse momento tem que ser ‘Vacina no braço, comida no prato”, manifestam as Cozinheiras do Jeremias.

O pedido protocolado de audiência com prefeito, solicita também a presença da Secretaria de Ação Social e do Chefe de Gabinete, para tratar da reabertura das cozinhas comunitárias.

“São muitos braços estendidos pedindo comida na cidade, então já faz uma semana que conseguimos reestruturar e operacionalizar uma cozinha comunitária com ajuda da população local, de cozinheiras locais, as cozinheiras do Jeremias. Acreditamos que quem tem que garantir isso é o governo. No momento estamos garantindo as refeições da cozinha comunitária do bairro do Jeremias, mas não vamos ter oxigênio para assumir isso por muito tempo”, afirma Franklyn Ikaz, professor, diretor do Sintab e integrante do Comitê Sindical e Popular Contra a Fome em Campina Grande.

As entidades que participam do Comitê são: Adufcg, Aduepb, Sintef-pb, Sintab,  MST, MAB, CEBI, Levante Popular da Juventude, Correnteza, MLB, ANDES, CSP, PJR, DCE/ UFCG e os mandatos de Jô Oliveira (PCdoB), Anderson Pila (PODE) dentre outras.

Jeremias - cozinha comunitária reaberta na garra

Fechadas há quase dez anos, a reabertura das dez cozinhas comunitárias representariam um grande reforço no combate à fome, na cidade de Campina Grande. 


Reprodução / Foto


A do bairro do Jeremias (reaberta há uma semana pelo Comitê Contra a Fome), fornece um jantar por dia, às 19 horas. Os agentes populares de saúde fazem o cadastramento das famílias, as quais recebem uma senha diariamente, para buscar a refeição. De segunda a sábado, elas levam um recipiente e recebem a comida pronta, de acordo com a quantidade de pessoas da casa. Ja no domingo, as famílias recebem um kit para cozinhar em casa. 


Fila na zoainha comunitária do Jeremias / Foto: Arquivo Pessoal


Restaurante Popular local sobrecarregado

Atualmente, o único instrumento público no município responsável pela distribuição de alimentos à população durante a pandemia é o Restaurante Popular, que vem provocando a formação de enormes filas durante o atendimento.

Um vídeo gravado no dia 01/04 mostra uma fila de dobrar quarteirão por conta da alta demanda e a falta de restaurantes populares, já que o único em funcionamento atualmente é o do Governo do Estado.


Trabalho voluntário comunitário / Foto: Arquivo Pessoal


Na ocasião da fila quilométrica, a vereadora Jô Oliveira (PCdoB) foi à imprensa denunciar o caos: “Com certeza, se a gente tem equipamentos como esse (as cozinhas comunitárias) em funcionamento nos bairros, contribuiria para que as pessoas tivessem segurança alimentar neste cenário que tem sido tão difícil”.

A vereadora acrescenta que dois restaurantes populares municipais que funcionavam no Centro e que complementavam o serviço ofertado pelo Governo do Estado, serviam cerca de 2 mil refeições diárias. Com o fim do funcionamento destes equipamentos, a demanda foi direcionada toda para o Estado, que antes da pandemia entregava cerca de mil refeições por dia e agora, atende 1,5 mil.


Reprodução / Foto


Programa Cozinha Comunitária é oriunda do Programa Fome Zero

As Cozinhas Comunitárias são equipamentos públicos, oriundos do Programa Fome Zero - do extinto Ministério do Desenvolvimento Social (início de 2019), hoje, Ministério da Cidadania. A gestão e manutenção das Cozinhas fica a cargo do município ou do estado, e funcionam em locais estratégicos para garantia de acesso a, pelo menos, uma refeição para pessoas em situação de vulnerabilidade social. 

São direcionadas a municípios que apresentem elevado número de pessoas em situação de miséria ou pobreza. O público alvo é constituído, prioritariamente, por grupos sociais vulneráveis à fome, a exemplo de trabalhadores de baixa renda, idosos, desempregados, agricultores familiares oriundos de comunidades de baixa renda, populações desassistidas e situadas abaixo da linha de pobreza.


A implementação do projeto é irregular em todo o país. Segundo o Ministério da Cidadania, há 189 unidades (dados de 2020). O apoio é realizado por meio de editais de seleção pública ou por indicação de emendas parlamentares. A gestão e manutenção para o funcionamento das Cozinhas Comunitárias são de responsabilidade dos gestores locais.

 

 

Edição: Heloisa de Sousa