Paraíba

FILA DE DESESPERO

Médica denuncia nas redes sociais que Campina Grande possui leitos sobrando

Enquanto pessoas morrem, "Campina Grande está seguindo burocracia da Programação de Pactuação"

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Internet - Imagem

Campina Grande ostenta 155 leitos vagos para pacientes portadores de Covid-19 no momento, é o que denunciou, nas redes sociais neste domingo (21), a médica pediatra Emmanuelle Lira. Segundo ela, “77 pessoas estão arriscando morrer sem assistência numa abrangência de 200 municípios e um só município ostenta 155 vagas sobrando”.

A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) divulgou um boletim com a fila de espera para os leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado, no qual a Drª Emmanuelle notou que ficaram de fora 155 leitos entre enfermarias e UTI's de Campina Grande.

Em boletim, a SES-PB afirmou que, na Paraíba, 52 pacientes aguardam adequação de leitos de UTI e enfermaria para tratamento da Covid-19 nesta segunda-feira (22), sendo a maioria dos casos na 1ª macrorregião, a de João Pessoa.

São 39 paraibanos em fila de UTI, sendo que 26 deles estão em Unidades de Pronto Atendimento (UPA's), 24 deles em João Pessoa; as demais estão em hospitais. Seis pessoas esperam em fila de enfermaria, sendo três em UPA's, duas delas em João Pessoa, e as demais em hospitais.

Na 3ª macro, que engloba a região de Patos, no Sertão paraibano, há sete pacientes em fila de UTI, sendo cinco em UPA e os demais em hospitais.

Neste boletim, a 2ª macrorregião, de Campina Grande, ficou de fora, com os 155 leitos de UTI e de enfermaria.


Boletim reproduzido pela médica nas redes sociais

Emmanulle resolveu levar o caso para o Ministério Público: “Denunciei à Procuradoria e espero que providências sejam tomadas com urgência”, relata.


 


Página / Foto: Arquivo Pessoal

Ainda na noite do domingo, a Secretaria de Saúde de Campina Grande postou um card com atualizações dos leitos vagos e qual não foi a surpresa: em vez de 155, são 188 leitos disponíveis entre enfermaria e UTI. Confira:


Internet / Imagem

Quando a Drª Emamnuelle Lira fez a denúncia, o boletim em que ela se baseou foi o anterior, com 155 leitos. Esse novo boletim chegou ontem, depois que ela já tinha postado nas redes. O número ampliou, mostrando que, de fato, está sobrando leitos em Campina Grande, enquanto, em João Pessoa, há fila de espera por UTI.

Leia a publicação de Emmanuelle Lira no Instagram:

“Hoje pela manhã em um grande grupo de Médicos o nosso Secretário Estadual da Saúde, @geraldoamedeiros (Geraldo Medeiros, Secretário de Saúde da PB) postou preocupado esse consolidado de pessoas em lista de espera por vagas de UTI e Enfermaria COVID na Paraíba. No consolidado, que está na primeira foto, vemos que há 70 pessoas esperando por UTI ou Enfermaria na primeira macrorregião de Saúde (que comporta os municípios da região da capital) e 7 pessoas em espera na terceira macro, que corresponde a todo o sertão do Estado. 

Na mesma hora indaguei no grupo como estava a segunda macro, que corresponde à região da Borborema, e, qual não foi minha surpresa, quando um amigo mostrou essa postagem da Secretaria Municipal de Campina Grande (segunda foto). 

Corri pro Instagram e vi com meus próprios olhos: Campina Grande ostenta hoje 48 vagas em UTI Covid e 107 em Enfermaria. 

Isso mesmo que vocês leram. 77 pessoas estão arriscando morrer sem assistência numa abrangência de 200 municípios e um só município ostenta 155 vagas sobrando. Por que? Porque eles alegam que não são a referência dos municípios que estão precisando de vaga. Isso mesmo. O motivo é burocrático. Estamos em guerra e Campina Grande está seguindo burocracia da Programação de Pactuação. 

Denunciei à Procuradoria e espero que providências sejam tomadas com urgência. 
Um Estado sozinho já não consegue dar conta de uma pandemia dessa magnitude e com municípios atrapalhando o processo fica ainda pior. 

Deixo aqui minha solidariedade às famílias dessas pessoas que esperam e desejo forças aos secretários Geraldo Medeiros e Daniel Beltrammi que estão fazendo sua parte nessa guerra mas não estão tendo o apoio integral necessário das outras esferas.”
 

Edição: Heloisa de Sousa