Paraíba

OPINIÃO

13 pontos sobre Lula Livre

Apoiar o projeto progressista de Lula/PT é um dever de todos e todas que lutam por um país de justiça e autonomia.

João Pessoa - PB |
O ex-presidente Lula em pronunciamento histórico ontem (10) em São Bernardo do Campo. - Ricardo Stuckert

1. A crise é estrutural. É uma crise estrutural do capitalismo: econômica, social, ambiental, política e moral.

2. Essa crise se aprofunda em formações históricas de características dependentes.

3. Não há, no Brasil, por suas particularidades históricas, uma burguesia nacional que rompa com o Imperialismo e erga um projeto de nação autônoma, a exemplo da Coreia do Sul. Claro que a Coreia do Sul teve a "permissão" do Imperialismo em função da questão geopolítica durante a Guerra Fria.

4. Se estiver correto o ponto 3, quer dizer que, todas as vezes que houver projetos de conciliação nacional (como o expresso na Carta ao Povo Brasileiro em 2002), com o tempo, nas crises, emergirão as contradições. E essas classes dominantes locais, em práticas "suicidas", preferem se unir aos seus patrões internacionais e detonar o conteúdo "reformista" do pacto. Parece-me claro que 2016 foi isso: um golpe suicida. Todos no Brasil perderam. 

5. Mas o imperialismo decadente estadunindense ganhou fôlego. Ter uma potência emergente aqui, fortalecendo a multipolaridade, era demais. As palavras de Obama dizendo que "Lula é o Cara" soam a puro cinismo quando se verifica a espionagem do seu governo contra Dilma Rousseff, a Petrobrás e os BRICS. Na realidade, estavam armando contra Lula e o PT.

6. Diante do quadro atual, em que o país afunda, parece-me que, mais uma vez, a "elite nacional de juízo" acena para um pacto. Uma conciliação. E ela sabe quem tem liderança e força política para isso: Lula e o PT. 

7. Não há esquerda revolucionária no país, uma força capaz de romper com essa estrutura de dominação imperialista e as forças associadas e dependentes daqui. O caminho para isso é longo e exige esforço, dedicação, sacrifícios (vide Venezuela), convicções ideológicas. Um trabalho de médio prazo que, sinceramente, não vejo sequer iniciado por aqui. Talvez o trabalho de formação política do MST seja um embrião.

8. Apoiar o projeto progressista de Lula/PT (e o que vier daí): acho que é um dever de todos e todas que lutam por um país de justiça e autonomia.

9. Quem é de esquerda e luta pelo Socialismo (com a convicção de que só o Socialismo supera essas mazelas da humanidade hoje) não pode ter ilusão de que o pacto social que sairá desse processo resolverá os problemas do Brasil.

10. Na minha visão é dar apoio a esse projeto, apontando seus limites, suas contradições. 

11. Mas torná-lo vencedor num embate contra as forças que flertam com o fascismo como forma de sair da crise é mais que um projeto político-ideológico: é um dever cidadão

12. Isso não impede (pelo contrário, deve estimular) o trabalho de base, de organização das massas, de elevação de sua consciência política na direção de um projeto de sociedade socialista. 

13. Por isso, desde já, comunico: minhas discussões serão no sentido de viabilizar a candidatura de Lula, mesmo o “Lulinha Paz e Amor” de 2002. Tornar essa vitória possível em 2022 e respirar numa atmosfera de esperança e otimismo. 

E, como sempre, estou otimista. Hoje, mais do que ontem.

 

*Jonas Duarte é professor do Departamento de História - CCHLA/UFPB. Pesquisador Visitante no INSA - Instituto Nacional do Semiárido.
 

Edição: Henrique Medeiros