Paraíba

MEMÓRIA E JUSTIÇA

Ato marcou dois anos dos assassinatos de Orlando da Silva e Rodrigo Celestino

Os mandantes do crime estão presos, aguardando julgamento, mas os executores ainda estão soltos.

Brasil de Fato | João Pessoa - PB | |
Militantes do MST relembram as trajetórias de Orlando da Silva e Rodrigo Celestino. - Divulgação

Além de lembrar dos mil dias sem respostas sobre o assassinato de Marielle Franco, no dia 08 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da Paraíba (MST-PB) também resgatou a memória de dois companheiros de nosso estado que, assim como Marielle, foram vítimas da ganância e da injustiça que ainda predomina em nosso país. Orlando da Silva e Rodrigo Celestino foram assassinados em 2018 no Acampamento Dom José Maria Pires, em Alhandra, onde residem hoje cerca de 350 famílias. 

Os mandantes do crime estão presos, aguardando julgamento, mas os executores ainda estão soltos. De acordo com as investigações, a principal causa do crime teria sido a disputa por uma área antes destinada à extração de areia.  Por isso, ao rememorar este dia, recuperamos nossa história de luta e de esperança na defesa da Reforma Agrária Popular contra a monocultura e o poderio da mineração em nosso estado. 

Durante o ato simbólico realizado no Acampamento Dom José, inauguramos uma placa com o famoso lema de Margarida Maria Alves, outra grande lutadora paraibana: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome!”. A homenagem ainda contou com a celebração de uma missa, da qual participaram familiares e amigos, e com o plantio de mil mudas de árvores no “Bosque Orlando e Rodrigo”. 

Osvaldo Bernardo, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens da Paraíba (MAB-PB), acompanhou a cerimônia e fez questão de recordar que Orlando foi sempre um homem justo, que amava o MST e que defendia  a importância de lutar contra a exploração de minério e em defesa do meio ambiente. 

Segundo Osvaldo, a família de Rodrigo não pôde comparecer ao ato devido aos cuidados com o Covid-19. O que nos lembra também destes tempos trágicos que vivemos, em que a morte se tornou frequente, sobretudo no Brasil, onde o Presidente da República ignora a pandemia e não cuida do povo. 

Acreditamos que em meio à dor e as lágrimas a vida renasce e, portanto, neste dia celebramos a esperança. Para nós, do MST, é momento de recompor a vida, de interligar a existência humana com a natureza. Momento de recompor os valores da solidariedade humana, da igualdade de gênero, de raça e etnia, de recompor, enfim, a nós mesmos e o ambiente que habitamos. Por isso, neste dia 8 de dezembro, plantamos  árvores. Pois estamos certos de que enquanto nós as cultivamos, elas nos cultivam de volta.

O bosque Orlando e Rodrigo representa a recomposição da vida. Plantar árvores é plantar vida, é cuidar da terra, recuperar o ar, fazer ressurgir os rios e sombras. E assim o sol brilhará para fazer com que da terra emane o alimento que combaterá a fome e nos fortalecerá na luta permanente em defesa da vida.

 

Com MST/PB

Edição: Heloisa de Sousa