Minas Gerais

REPARAÇÃO

Vale propõe acabar com Auxílio Emergencial de atingidos pelo crime de Brumadinho (MG)

Audiências sobre o tema acontecem nos dias 22 e 23 de outubro. Pessoas atingidas já iniciaram protestos

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Atingidos fecham rua em protesto
Atingidos em protesto em Brumadinho (MG) - Créditos da foto: Reprodução

O crime ambiental na região do Paraopeba, causado pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), completa um ano e nove meses. E o conflito entra em um novo patamar: a luta pela continuação dos auxílios emergenciais.

Desde fevereiro de 2019, a mineradora Vale S.A. foi obrigada pela Justiça a fazer um repasse mensal para os moradores da cidade de Brumadinho (MG) e para quem mora a até uma distância de 1 km da calha do Rio Paraopeba, de Brumadinho a Pompéu (MG). A empresa apresenta agora um plano para acabar com esse pagamento, que diminuiria gradualmente até abril de 2021.

As audiências sobre o tema acontecem na quinta-feira e na sexta-feira (22 e 23 de outubro), em Belo Horizonte.


 

A proposta da Vale

Segundo a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), a Vale propõe pagar a última parcela em 25 de outubro para atingidos que, desde dezembro de 2019, já recebiam apenas 50% do auxílio.

Para os moradores dos bairros Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira, Alberto Flores, Cantagalo, Pires em Brumadinho (MG) e nas margens do Córrego Ferro-Carvão, e pessoas que participam de programas de apoio desenvolvidos pela Vale, o auxílio seria reduzido gradualmente até abril de 2021, quando seria seu fim.

O plano para diminuir essa quantia seria o seguinte, ainda segundo informações da Aedas:

*Quem recebe 50% terá sua última parcela em 25 de outubro.

*A partir de novembro: durante quatro meses, quem hoje recebe 100%, passaria a receber 75%.

*A partir de março de 2021, quem hoje recebe 100%, passaria a receber 50%.

* Em abril de 2021 receberiam 25% de um salário, sendo essa a última parcela.

A Vale foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação da matéria.

Instituições de Justiça elaboram contraproposta

Já a Defensoria Pública e o Ministério Público propõem a concessão de um auxílio econômico provisório para pessoas que tiveram abalo à renda e que possam realizar a comprovação.

A proposta é de: pagamento mensal de um salário mínimo para adultos; meio salário para adolescentes; um quarto de salário por criança e uma cesta básica por família.  Os atingidos devem comprovar perda econômica, aumento de despesas, desestruturação comunitária ou o comprometimento da sua atividade econômica.

Um dos principais motivos a favor da continuação do Auxílio emergencial seria a busca por "Reparação Integral", na opinião de Lucas Vieira, coordenador territorial da Aedas em Brumadinho. Atualmente, as famílias e comunidades têm desde problemas imediatos ocorridos ou agravados com o rompimento da barragem - como a captação de água - até problemas estruturais - como construção de escolas, postos de saúde e a solução para as indenizações.

Assim, o auxílio dá aos atingidos possibilidade de buscarem uma melhor negociação com a mineradora, pois suas necessidades imediatas estão garantidas, assim como continuar na luta pela Reparação Integral. "O que escutamos muito nos diálogos com atingidos é que eles não podem esperar pelo fim do processo para terem alguma forma de reconhecimento e de mitigação pelos danos sofridos. Muitos relatam angústia e receio", relata Lucas.

Manifestações

Na segunda-feira (19), atingidos de São Joaquim de Bicas (MG) realizaram um protesto para denunciar a falta de água e o fim do auxílio emergencial. A comunidade protestou com faixas (vídeo).  Na quarta (21) pela manhã, foram os atingidos de Brumadinho que protestaram, entre as pautas também o fim do auxílio emergencial.

O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) realiza uma atividade no Tribunal de Justiça de Minas Gerais na sexta-feira, às 14h. O ato acontecerá durante a audiência de conciliação sobre o Pagamento Financeiro Emergencial.

As audiências

As propostas estarão na mesa de negociação nos dias 22 e 23 de outubro em audiência de conciliação no Fórum em Belo Horizonte. Se não houver acordo, a decisão caberá ao Juiz Elton Pupo Nogueira.

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Edição: Rafaella Dotta