Paraíba

NOVA VIA DEMOCRÁTICA

Nossa Voz lança pré-candidatura a Mandato Coletivo em João Pessoa

Grupo formado por integrantes de Movimentos Sociais se une para disputar uma vaga na Câmara Municipal pelo PT-PB

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Coletivo Nossa Voz lança a sua pré-candidatura à Câmara de Vereadores de João Pessoa nesta quarta-feira (22), a partir das 19h, no canal do Youtube Nossa Voz JP - Card

Imagine um coletivo atuando em um mandato Legislativo na Câmara de Vereadores da sua cidade, onde cada integrante do grupo seja representante de um setor, movimento ou área estratégicas para a melhoria de vida da classe trabalhadora? 

Numa experiência pioneira na capital, o Coletivo Nossa Voz lança a sua pré-candidatura pelo Partido dos Trabalhadores (PT-PB) à Câmara de Vereadores de João Pessoa nesta quarta-feira (22), a partir das 19h, no canal do Youtube Nossa Voz JP. 

São cinco representantes ( três mulheres e dois homens) oriundos/as de movimentos sociais, com alicerce na diversidade, na experiência de luta, diálogo e atuação histórica na defesa dos excluídos.


Divulgação / Card

“A ideia de uma pré-candidatura coletiva surgiu da necessidade dos movimentos sociais em ter voz no parlamento. Ocupamos as ruas, lutamos juntos, dividimos sonhos, conquistamos direitos, por que não podemos estar, também, representados no legislativo?”, diz a nota de lançamento.

Decisões horizontalizadas

Na prática, a população já percebeu que, na maioria das vezes, o candidato eleito/a assume um cargo no Parlamento e, compulsoriamente, passa a agir como se aquela fosse sua propriedade, adequando metas e objetivos ao foco individual e familiar, deixando o eleitor órfão de uma voz que lute pela coletividade. O nepotismo e o patrimonialismo coronelista, que fatia a máquina pública, surgirão em questão de tempo.

A pré-candidatura do Coletivo Nossa Voz se respalda na experiência política de luta popular e também conta com um conselho político formado por diversos militantes, classe trabalhadora de periferia, professores e servidores públicos que constroem as bases  ideológicas e estratégicas de atuação do mandato. 

Pré-candidatas/os destacam a necessidade de romper o individualismo representativo e apostar na organização popular 


Reprodução / Foto: Reprodução

Juliana Pedro (Movimento Levante e Movimento Negro): "O mandato coletivo é um elemento novo na política que assume um compromisso coletivo com a sociedade, no poder público, de contribuir nas propostas, com a criação de projetos, e fazer com que essas vozes cheguem até o povo. A nossa chapa acredita na organização popular e queremos levar a nossa voz para a câmara, para fazer a diferença no cenário político paraibano".


Reprodução / Foto: Reprodução

Zefinha (Movimento por Moradia; Movimento dos Trabalhadores por Direitos - MTD): "Nossa Voz é um mandato coletivo construído por cinco vereadores onde você vai votar em cinco pessoas, cinco co-vereadores, e vai ser tudo dividido, tudo organizado junto com o povo. Uma coletividade de movimentos sociais é uma forma nova de se construir aquilo que a gente busca".  


Reprodução / Foto: Reprodução

Joel Cavalcante (Professor; Movimento do Espírito Lilás - MEL): "A proposta do coletivo Nossa Voz que se apresenta em João Pessoa como uma alternativa para a Câmara Municipal vem ao encontro das lutas sociais, dos movimentos, dos militantes e ativistas aqui de nossa capital. Sabemos que existem parlamentares em todos os níveis da representação legislativa, que são militantes, mas ainda é uma política muito individual. Nós queremos desconstruir isso e colocar a política coletiva também na representação". 


Reprodução / Foto: Reprodução

Marcos Freitas (Consulta Popular, Servidor Público): A nossa iniciativa vem com o intuito democratizar, de construir uma democracia participativa, uma representatividade ligada aos movimentos sociais na Câmara Municipal de João Pessoa. Somos de várias caminhadas diferentes, de movimentos sociais, e queremos nos unir para ter uma ação conjunta nessa luta que é muito importante, que é a luta eleitoral".

 


Reprodução / Foto: Reprodução

Heloisa de Sousa (Jornalista; Marcha Mundial das Mulheres): "O que a gente quer  com o mandato coletivo é mostrar que é possível fazer o que a gente sempre fez nas nas ruas e nos movimentos sociais: ouvir o povo, dar voz, defender e construir junto com o povo. Então a gente quer mostrar outro fazer político que não seja só fortalecendo um nome, mas um projeto político que se traduz nas forças que compõem hoje o mandato coletivo, que é o movimento feminista, LGBT, juventudes, movimento de defesa da democracia e o movimento pela moradia".

Surgimento dos Mandatos Coletivos

Os mandatos coletivos surgiram, no Brasil, em 2016, na cidade de Alto Paraíso - GO. O conceito vem de uma reação ao modelo de mandatos eletivos que, hoje em dia, mostra-se um sistema na contramão dos anseios da população. 

A crise de representatividade - que gera a apatia e o voto de protesto, por exemplo - vem da descredibilidade em relação aos partidos políticos. 

No mandato compartilhado, os co-vereadores/as passam por várias instâncias coletivas de decisão para saber como irão ser votadas as matérias. Desta forma, abre-se espaço para ações e posicionamentos mais plurais, que tendem a neutralizar interesses particulares. 

Embora possua vários integrantes, o mandato disputa apenas uma vaga na casa legislativa. Por questão jurídica, utilizam o nome de um dos membros. Um Estatuto, que fixa as diretrizes a serem seguidas, número de membros, valor do salário, obrigações e deveres dos co-vereadores.

Inicialmente, o modelo funcionou no legislativo municipal, mas atualmente existem mandatos coletivos no legislativo federal e estadual também, como é o caso das codeputadas Juntas, do PSOL-PE.


 Codeputadas Juntas (PSOL-PE) / Foto: Reprodução

O importante é que a população entenda que todo o poder emana do povo, e que o título de eleitor é uma passagem para as transformações necessárias e urgentes que têm se colocado no horizonte do país. 

 

 

 

Edição: Maria Franco