Paraíba

CONTRADIÇÃO

Artigo | A volta do futebol em meio à pandemia

"De um lado pessoas correm atrás de uma bola, do outro lado heróis tentam salvar vidas"

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Bola rola enquanto o país há dias segue com mais de mil mortes diárias causadas pelo vírus - Reprodução

No dia 18 de junho, o Brasil apresentou mais um sintoma de sua doença mais crônica. E não, não é a Covid-19. No dia em questão, a bola voltou a rolar oficialmente no país pelo Campeonato Carioca. Naquele dia, duas pessoas morreram no hospital de campanha montado no complexo do Maracanã, 274 mortes só no Rio de Janeiro.

O resultado do jogo realmente não importa, mas foi três a zero para o Flamengo diante do Bangu.
Hoje, o país há dias segue com mais de mil mortes diárias causadas pelo vírus. Os números que parecem ir na direção da estabilização, na verdade, revelam que o problema se interioriza, e chega aos lugares mais inóspitos do país. Cidades pequenas do interior do Nordeste já precisam lidar com uma dinâmica de pandemia que nunca imaginaram: máscaras, distanciamento social, quarentena, soluções que viram na internet.


Mas, em meio a esse cenário, também o nordeste futebolístico decidiu que era hora de pensar na volta do futebol. A Copa do Nordeste, por exemplo, já tem data e local para o retorno.


Anúncio de retorno da Copa Nordeste / Reprodução

Os jogos serão todos em Salvador a partir do dia 21 de julho. Só para registro, segundo o último boletim epidemiológico do Estado da Bahia, Salvador já registou 1339 mortes de seus moradores (ainda no boletim se verifica o número de mortos totais, ou seja acrescentando quem não é residente na cidade. Com esse número os mortos em Salvador pulam para 1534 em no dia 07 de julho).


Assim, também se registrará no futebol nordestino a cena mórbida de enquanto de um lado pessoas correm atrás de uma bola, do outro lado heróis tentam salvar vidas. Explico: também em Salvador foi necessária montagem de estruturas para desafogar os leitos de UTI em estádio de futebol, no caso o Hospital de Campanha da Arena Fonte Nova. 


Hospital de Campanha Fonte Nova (Salvador -BA) / Reprodução


Enquanto isso, o abismo. Clubes como Fortaleza e Ceará, que levaram seus presidentes para a reunião com o presidente Bolsonaro, figura chave na volta do futebol, já treinam desde junho. Já River do Piauí e Imperatriz do Maranhão seguem sem atividades no campo e passando por sérias dificuldades financeiras.


Vale lembrar que em abril a CBF já foi em socorro aos clubes. Duzentos mil reais para cada clube que disputa a série C e cento e vinte mil para aqueles que vão jogar a série D. Porém, os clubes que disputam a terceira divisão já lançaram uma nota na semana passada solicitando nova ajuda financeira da entidade máxima do futebol nacional.


Nota dos clubes da série C / Reprodução

 
“Comunicamos também a solicitação de uma nova ajuda financeira, tendo em vista as adversidades enfrentadas pelos gestores para o pagamento dos salários de atletas, funcionários e colaboradores, nos meses de junho e julho. O pedido se embasa no entendimento da própria CBF, ciente das dificuldades de honrarmos os contratos e compromissos, já que tivemos grande perda de receita (patrocínios, sócios, etc.)”, diz parte da nota.

 


O Botafogo é o único clube paraibano na disputa da orelhuda. O clube voltou aos trabalhos no dia 29 de julho. O belo ocupa a terceira colocação no grupo A e tem boas chances de classificação para a fase final da competição. Já na série C o time de João Pessoa tem a companhia do Treze na disputa. O gola também retornou aos treinos no dia 29 de julho. Ambos também aguardam a volta do Campeonato Paraibano, que também deve acontecer ainda este mês.

Edição: Heloisa de Sousa