Paraná

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

É urgente uma campanha pela libertação da advogada Susana Prieto

Susana Prieto colocou-se ao lado dos operários e emprestou sua profissão para assessorar esses movimentos

Curitiba (PR) |
Susana Prieto é acusada de motim, chantagem e intimidação de funcionários do Estado. Contudo, as verdadeiras razões de sua prisão desmentem as versões oficiais. - Grissel Luna

No México, na região fronteiriça com os Estados Unidos, quase 4 mil empresas empregam mais de um milhão de trabalhadores mexicanos. São as chamadas maquiladoras (montadoras) de peças, componentes e matérias-primas, produzidos em outros países.

A linha divisória entre os dois territórios expõe a céu aberto como funciona o sistema capitalista em sua busca pelo maior lucro: no lado mexicano, o salário equivale a aproximadamente R$ 6,10 por hora trabalhada e, no outro lado, nos Estados Unidos, o quádruplo deste valor, R$ 25,00 em números arredondados. É o retrato mais forte da exploração, a industrialização de enclave e o tratado de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e México.

É neste quadro, na cidade de Matamoros (Estado de Tamaulipas), no norte do México, na fronteira com o Estado do Texas (EUA), que a advogada trabalhista Susana Prieto Terrazas se encontra presa desde o dia 8 de junho. Sua prisão ocorreu por ordem do governo do Estado. Susana Prieto é acusada de motim, chantagem e intimidação de funcionários do Estado. Contudo, as verdadeiras razões de sua prisão desmentem as versões oficiais.

Em princípios de 2019, os trabalhadores travaram uma das lutas mais importantes eclodidas no México nos últimos tempos, a luta ‘20/32’, ou seja, por aumento salarial de 20% e bônus de 32 mil pesos, acreditando nas promessas do governo López Obrador de aumentar o salário mínimo. Houve greves e manifestações, e isto atraiu a fúria do patronato das maquiladoras, do governo de Tamaulipas e dos dirigentes sindicais pelegos e corrompidos ligados à Confederação dos Trabalhadores Mexicanos.

Susana Prieto colocou-se ao lado dos operários e, como advogada trabalhista e militante, emprestou sua profissão para assessorar esses movimentos no enfrentamento aos baixos salários e contra a estrutura sindical subserviente aos empresários e ao imperialismo dos Estados Unidos, ajudando na impulsão e criação do Sindicato Nacional Independente dos Trabalhadores nas Indústrias e Serviços (SNITIS) e do Movimento 20-32. O SNITIS, enquanto sindicato desatrelado dos patrões, travou, no ano de 2019, uma luta prolongada para introduzir contratos coletivos nessas indústrias, batendo de frente contra precarização reinante.

Quando a Covid-19 chegou na região, o SNITIS exigiu o fechamento das fábricas e o pagamento dos salários integrais dos trabalhadores durante toda a quarentena. Também lançou uma campanha de divulgação dos custos humanos com o coronavírus nas indústrias maquiladoras que insistiam em funcionar. Isso fez com que os conflitos de interesses entre patrões e empregados se intensificassem e Susana Prieto Terrazas desempenhasse um papel de ponta na defesa dos trabalhadores contra as decisões empresariais de burla do isolamento e de volta ao trabalho nas condições de risco da pandemia.

Não resta dúvida que a prisão de Susana Prieto Terrazas é uma ação deliberada e construída para intimidar e criminalizar o movimento dos trabalhadores de Matamoros - e toda a região de fronteira - em luta por direito a verdadeiros contratos de trabalho, melhores salários e liberdade de ter seu próprio sindicato desvinculado dos patrões e do Estado.

Nós fazemos um apelo aos advogados comprometidos com a democracia, aos sindicalistas, parlamentares e a todos os militantes das causas populares no Brasil, para que se engajem numa campanha de moções, de cartas, dirigidas à embaixada do México no país exigindo a imediata libertação da advogada Susana Prieto Terrazas.

Endereço para pressionar pela liberdade para Susana Prieto:

 

Embaixada do México - Brasília - DF

 

Email:[email protected]

Site:http://embamex.sre.gob.mx/brasil/

Edição: Pedro Carrano