Rio Grande do Sul

MANIFESTAÇÃO

Novo ato antirracista e antifascista reúne milhares de manifestantes em Porto Alegre

Violência policial contra o povo negro e pautas fascistas do bolsonarismo foram a tônica do ato neste domingo (14)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Usando máscaras, manifestantes portavam cartazes com dizeres como "Vidas Negras Importam" e "Fora Bolsonaro" - Marcus Perez – CUT-RS

Pelo sexto final de semana consecutivo, milhares de pessoas protestaram contra o racismo, o fascismo e pelo Fora Bolsonaro em Porto Alegre. O ato desse domingo (14) contou com expressiva participação do movimento “Vidas Negras Importam”, numa caminhada pelas ruas centrais da Capital que iniciou em frente ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção, e seguiu pela Avenida João Pessoa até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa.

Também se fizeram presentes no ato as torcidas antifascistas do Grêmio e do Inter, movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos e entidades estudantis. Os manifestantes portavam máscaras a fim de evitar contágio pelo novo coronavírus.

Punhos erguidos foram um símbolo da manifestação, em referência aos protestos realizados recentemente nos EUA em função do assassinato de George Floyd. Palavras de ordem como “Acabou o amor, isso aqui vai virar Palmares" denunciaram a violência policial dos órgãos de segurança do Estado, principalmente contra os jovens negros.


Manifestantes denunciam violência policial dos órgãos de segurança do Estado, principalmente contra os jovens negros / Marcus Perez – CUT-RS

Cartazes e faixas expressavam dizeres como “Vidas Negras Importam”, “Sem justiça, não há paz”, “Pela vida, democracia, emprego e renda” e “Fora Bolsonaro”. Os manifestantes também empunhavam cartazes de negros mortos em ações violentas, como o menino João Pedro e a menina Ágatha Félix, assassinados durante operações policiais no Rio de Janeiro. Também pediram justiça para a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março de 2018 no centro do Rio de Janeiro, cobrando respostas sobre os mandantes do crime.

O pai de santo e membro do Conselho do Povo de Terreiro do RS Baba Diba de Iyemanjá ressaltou a importância da defesa da vida, em entrevista concedida à Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS). Para ele, o genocídio da população negra por parte da Polícia Militar e as políticas equivocadas de combate às drogas impedem o país de se desenvolver rumo à plenitude democrática.

“Enquanto houver racismo não haverá democracia. O sistema de racismo estrutura a sociedade brasileira e nós precisamos erradicá-lo e cobrar igualdade de direitos. Temos de acabar com essa chaga que está na humanidade desde o início dos tempos. Só assim viveremos em um país realmente democrático”, disse o babalorixá.


Torcidas antifascistas do Grêmio e do Inter, movimentos sociais, centrais sindicais, sindicatos e entidades estudantis participaram do ato / Marcus Perez – CUT-RS

No Largo Zumbi dos Palmares, vários participantes utilizaram o microfone para denunciar situações de violência vivenciadas pela população negra no Brasil, ressaltar a necessidade da união do povo negro e cobrar o apoio de pessoas brancas na luta antirracista.

Também reforçaram a necessidade de afastamento de Bolsonaro e denunciaram a dura realidade enfrentada pelas famílias diante da pandemia e a ausência de políticas públicas para proteger a vida de quem mora na periferia e em situação de vulnerabilidade social.

Ato bolsonarista no Parcão

Um pequeno grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se reuniu, também na tarde deste domingo, no Parcão, bairro Moinhos de Vento. Novamente, pautas antidemocráticas estavam presentes no ato, como o pedido de intervenção militar com o presidente no poder. Foram vistas faixas protestando contra o que chamam de “ditadura do STF”. O grupo realizou um carreata pelas ruas da cidade.

A Brigada Militar destacou efetivos para acompanhar ambas manifestações. Não foi registrado nenhum incidente.

 

* Com informações da  CUT-RS e Esquina Democrática

Edição: Marcelo Ferreira