Paraíba

MANOBRA

Classe patronal usa ex-presidente do sindicato de transporte coletivo para fazer ato

Oposição alerta que intuito é pressionar o prefeito para mais repasse de dinheiro e provocar aumento de passagens

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Jefferson José - Foto

O ex-presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Passageiros e Cargas no Estado da Paraíba, Antônio de Pádua, está convocando através de áudios nas redes sociais, os trabalhadores para irem às ruas pedindo a volta da circulação do transporte público. Antônio de Pádua foi acusado de fraudes na eleição de 2014, resultando no cancelamento das eleições que estavam previstas para o dia 02 de agosto de 2019. A eleição foi suspensa por determinação da Justiça do Trabalho.

Entidades de oposição deslegitimam Pádua e acusam o ato de fraude, alertando que o verdadeiro intuito do chamamento é pressionar o prefeito Luciano Cartaxo para que subsidie o preço das passagens e, em seguida, possa-se justificar um novo aumento. 

Antônio Nascimento, coordenador da chapa 02 nas eleições para o Sindicato esclarece a manobra: “Estão colocando a categoria de cobaia, alegando que é para melhoria, para não perderam emprego. Eles (os patrões) é que estão convocando, inclusive convocando a imprensa e as TVs”.

Empresas cometeram crimes

Há poucos dias uma ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério do Trabalho através de denúncia da Chapa 2 de diversos crimes contra os trabalhadores ocorridos no mês de abril de 2020, em plena pandemia. 

As empresas Unidas e Transnacional realizaram demissão em massa (proibida durante a pandemia), além de não pagar os devidos direitos aos motoristas, cobradores, mecânicos e manobreiros. As empresas utilizaram de chantagem, promessas e coação, impedindo os trabalhadores de lerem os contratos rescisórios.

 “O interesse no ato desta segunda-feira é patronal, e a chapa 2 não compactua porque isso num tem nada a ver com com a luta do trabalhador. Não somos contra protesto ou manifestação, contanto que seja realmente em prol do trabalhador e não para servir de escudo para classe patronal”, afirma Antônio Nascimento.

Os donos das empresas atrasaram salários e cortaram os tickets alimentação forçando os trabalhadores a aceitarem qualquer tipo de negociação. Na ação do MPT constam vários crimes, como por exemplo, demissões mediante coação, na qual celebravam “acordos individuais” impondo que os trabalhadores assinassem as rescisões como condição para virem a receber alguma verba. Em seguida, os trabalhadores deveriam abrir mão de diversos direitos assegurados, tais como aviso prévio e FGTS (do qual receberam apenas 10% do valor)

“Nós da chapa 2 não somos contra a volta dos ônibus, o retorno dos trabalhadores. Mas já que eles (os patrões) são bonzinhos, porque eles demitiram, agora na pandemia, centenas de pais de família? Porque não revogam as demissões? Então sabemos que esse protesto é fachada”

Em áudios que circulam nas redes sociais Antônio de Pádua convoca, de maneira ilegítima, a categoria alegando que em outras capitais e cidades de outros estados as frotas já estão circulando. Ele ainda tenta causar uma comoção ao defender que as empresas não têm como pagar nenhuma verba aos trabalhadores. Pádua assegura que irão conversar com o prefeito nesta segunda-feira às 10h:

“Eu andei em Mangabeira, Valentina e na Torre e está quase tudo aberto. Muitos clandestinos transportando passageiros, uber transportando passageiros. E aí quem vai pagar a nossa categoria, que inclusive já perdeu ticket alimentação? Mesmo com a redução da jornada para 50% que o governo (federal) vai pagar metade, e a empresa, como ela vai pagar os outros 50%?

Eleições canceladas por fraudes

Em agosto do ano passado, a eleição para o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Passageiros e Cargas no Estado da Paraíba foi suspensa pelo Tribunal do Trabalho da Paraíba porque, segundo integrantes da chapa 2, o atual candidato da chapa 1, Antônio de Pádua, é acusado de fraudes na eleição de 2014.
Devido à essas fraudes eleitorais em 2014, toda a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Público foi destituída e o sindicato está sob intervenção do Ministério Público. Quem responde pela entidade provisoriamente é o Procurador Eduardo Varandas até a formação da Junta Governativa, e depois um nova eleição, que deve ocorrer em meados de julho, se a pandemia desvanecer.

 

 

 

 

 

Edição: Heloisa de Sousa