Paraíba

DIREITO SOCIAL

Na reunião de 22 de abril, governo tirou a máscara de como vai desregulamentar tudo

Na Paraíba, como no restante do Brasil, bancos públicos têm o papel social de servir ao povo

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Especialistas avaliam que desmonte dos bancos públicos agrava crise econômica - Imagem: reprodução

No dia do descobrimento do Brasil, o 22 de abril voltou à história com o registro da pior reunião ministerial já ocorrida no país. Sobraram palavrões, prepotência e arrogância. Literalmente desmascarados por um vídeo que jamais imaginariam que viesse a público, o presidente e seus ministros deram uma aula de desprezo e falta de respeito ao povo, mostrando como acabar com o país através das privatizações a preço vil, inclusive aproveitando a distração da imprensa com as infecções e as mortes provocadas pela pandemia da Covid-19 para desregulamentar tudo para entregar a Amazônia.

No quesito privatizações, o Banco do Brasil esteve no centro dos debates com o eloquente e ”respeitoso” ministro Paulo Guedes, que contou com o reforço do privatista Rubem Novaes, presidente do BB, que reconhece a liquidez e saúde financeira do banco que ele sonha privatizar com as bênçãos do “mito”.


Reprodução / Card

Nessa reunião histórica, ficaram claros os motivos para centralizar na Caixa Econômica Federal o pagamento dos benefícios sociais, inclusive o auxílio emergencial, que provocariam aglomerações dentro e fora das agências, expondo clientes, funcionários e usuários de serviços bancários. Naturalmente, as filas quilométricas desgastam a imagem da instituição financeira pública e o governo aproveita seu descaso para culpar prefeitos e governadores que promoveram o isolamento social pelas vítimas do genocídio provocado por quem deveria estar à frente do combate à Covid-19: o presidente e seus ministros.  

E isso tudo seria ainda mais trágico se tivesse dado tempo para o governo privatizar as estatais antes dessa pandemia. Aí, não teríamos mais o SUS, nem o cadastro único, nem renda mínima e muito menos contaríamos com a mão de obra especializada nos bancos públicos no pagamento dos benefícios sociais.

O descaso com o povo e os ataques às estatais não são de hoje e estão sintonizados com os principais interessados nas privatizações. Os banqueiros, por exemplo, quanto mais lucram, mais demitem e fecham agências em todo o território nacional. 

Em doze meses, o Banco do Brasil teve um lucro líquido de R$ 3,4 bilhões e a Caixa Econômica Federal contabilizou R$ 3 bilhões. No mesmo período, o BB fechou 3.810 postos de trabalho, parte disso em função do PAQ (Programa de Adequação de Quadros) lançado em 29 de julho de 2019, que contou com o desligamento de 2.367 trabalhadores e a Caixa, por sua vez, fechou 713 postos no período. 

Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Banco Central, aponta que 42% dos municípios do país não possuem nenhuma agência bancária. Em 7% não existe qualquer tipo de atendimento bancário. Os dados mostram que, de janeiro a abril de 2020, foram fechadas 283 agências bancárias no país. Destas 194 foram fechadas após o início da pandemia no país.

A série histórica mostra que, de dezembro de 2012 a abril de 2020, os cinco maiores bancos do país fecharam mais de 3.000 agências bancárias e que, naquela época, os bancos atendiam em 66% dos municípios. Atualmente, atendem apenas 58%.

Dados do Banco Central apontam que 90,1% do crédito concedido na Região Norte tem origem nos bancos públicos; no Centro-Oeste, 87,1% provém de bancos públicos; no Nordeste, 89,1% e no Sul, 78,5%. Na Região Sudeste, que concentra mais de 70% da carteira de crédito no país, 72,8% provém dos bancos privados.

O estado de São Paulo, sozinho, concentra quase 58% do total do crédito do país. E, por se tratar do estado mais rico do país, 82% do crédito vêm dos bancos privados.

Na Paraíba

A rede bancária na Paraíba é constituída por 232 agências (sendo 131 de bancos públicos e 101 de bancos privados), 273 postos de atendimento, 448 postos de atendimento eletrônico e 6.500 correspondentes. Dos 223 municípios do estado, somente 47 contam com agências bancárias (21,1%) e em 15 deles só tem bancos oficiais. A capital do estado concentra 89 agências, com 41 delas sendo de bancos públicos. 

A Caixa Econômica Federal tem: 42 Agências, 6 Postos de Atendimento, 54 Postos de Atendimento Eletrônico e 661 Correspondentes – 279 Lotéricas. O Banco do Brasil tem: 69 Agências, 47 Postos de Atendimento, 141 Postos de Atendimento Eletrônico 1.314 Correspondentes. O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) tem 22 Agências e 7 correspondentes. 

Os bancos públicos concentram mais de 92% das operações de crédito no estado da Paraíba, sendo que 89,5% estão no Banco do Brasil e na Caixa. Apenas 7,6% é a fatia dos bancos privados.

No crédito rural, os bancos privados operam com 4,3%, o BB detém 86% das operações, seguido do BNB com 9,5% e a Caixa com 0,1%. A Caixa lidera no financiamento imobiliário com 80,7%, seguida do BB com 18,5% e do  BNB com 0,8%, sem participação dos bancos privados. 

Em síntese, quem atende o povo em todos os recantos deste país continental são os bancos públicos, porque têm um papel social, pois aos privados só interessa mesmo o lucro pelo lucro, sem compromisso com a sociedade. Por isso mesmo que é tão importante defendermos não só os bancos públicos como todas as empresas estatais, que têm um papel fundamental no desenvolvimento do país. 

Ainda bem que está em tramitação o Projeto de Lei (PL) 2715/2020, de autoria do deputado Enio Verri (PT/PR) e pelas deputadas Fernanda Melchionna (Psol/RS), Joênia Wapichana (Rede/RR) e Perpétua Almeida (PCdoB/AC), que busca paralisar os processos de desestatização e desinvestimentos realizados pela administração pública federal direta e indireta durante a pandemia causada pelo novo coronavírus.

Não precisamos ir muito longe para entender que, após uma crise desta dimensão os preços dos ativos caem, criando assim, um ambiente de ofertas hostis, ou melhor, uma grande liquidação de empresas de qualidade.

Infelizmente, nosso governo caminha na direção oposta e põe em risco nossa soberania, ao querer colocar à venda empresas estratégicas. O patrimônio nacional corre o risco de ser vendido ao preço de bananas.

Não vamos permitir mais esse desmando do governo nazifascista de Bolsonaro e Paulo Guedes. E esse é um dos motivos que fez 70% da categoria bancária no país apoiar o impeachment de Jair Messias Bolsonaro. 

Portanto, é hora de resistir, dizer não às privatizações, fora Paulo Guedes e Fora Bolsonaro!

*Redação Brasil de Fato PB com texto de Assessoria do Sindicato dos Bancários da Paraíba

 

 

 

 

 

Edição: Cida Alves