Paraíba

ISONOMIA JÁ

Profissionais de Saúde fazem protesto em frente à Secretaria de Saúde de JP

Ato é contra a gratificação de 40% exclusiva para os médicos. Manifestantes reivindicam o abono para todas as categorias

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Profissionais de saúde ocupam a frente da Secretaria de Saúde do Município - Foto: divulgação

Na manhã desta sexta-feira (29), cerca de 100 profissionais da saúde, entre enfermeiros, técnicos e condutores de ambulância, saíram em caminhada desde a concentração em frente ao Hospital Santa Isabel até a Secretaria Municipal de Saúde: “Enquanto a gente estava na manifestação em frente ao Hospital, o nosso colega Lucybergh Brasileiro veio a óbito. Ele já estava internado lá há alguns dias; a gente fez um minuto de silêncio por ele”, contou Milca, presidenta do Sindicato dos/as Enfermeiros.


Nota de pesar dos profissionais da Enfermagem / Card

Brasileiro infelizmente partiu em meio à luta dos seus colegas que reivindicavam, não apenas salário e gratificações, mas também melhorias nas condições de trabalho.

Os manifestantes foram caminhando até a Secretaria de Saúde do Município onde foram recebidos por uma equipe da PMJP: O Secretário de Saúde, Adalberto Fulgêncio, um representante da Procuradoria Jurídica do Município, um representante da Secretaria de Administração e um da Secretaria de Finanças.

Da parte dos profissionais de saúde estavam: o Sindicato dos/as Enfermeiros, o Sindsaúde - representado as outras categorias de servidores públicos, o Sindicato dos Condutores de Ambulância e o Sindicato de Nutrição, além do Coren (Conselho Regional de Enfermagem). “O Prefeito não estava na reunião porque de fato nunca recebeu a gente. Ele nunca abriu um canal de diálogo, nunca recebeu as categorias de saúde”, denuncia a sindicalista. 


Profissionais de saúde ocupam a frente da Secretaria de Saúde do Município / Foto

O secretário Adalberto pediu desculpas por emitir a gratificação exclusiva para os médicos e afirmou que na próxima segunda-feira (01) irá lançar uma proposta para as demais categorias. “A princípio ele queria deixar a gratificação só para enfermeiras e fisioterapeutas, mas a gente não concordou porque queremos que seja estendido para todos os que estão na linha de frente de combate ao covid-19”, relatou ela. 

Milca acrescenta que ainda hoje irá encaminhar para o secretário Adalberto uma proposta que engloba todas as categorias. Depois disso, na segunda-feira, o secretário fará a sua contraproposta.

Luis Alberto, condutor de ambulância, relata indignado a situação: “O secretário Adalberto Fulgêncio falou que o Samu não está na linha de frente. Aí eu pergunto quem, então, está na linha de frente indo buscar os pacientes e colocando a própria vida em risco? Então todos estão na linha de frente, condutores, técnicos, enfermeiras/os, pessoal da desinfecção”. Ele ainda denuncia a situação instável dos profissionais: “Nós  temos apenas meia dúzia de efetivos, o resto é tudo prestador de serviço, então é isso que dificulta a luta porque são muitos profissionais que estão dependentes de favores políticos. Muitos deles não podem falar por medo de ser demitido, mas eu acho que a hora de agir é agora.”

População solidária

No caminho até a Secretaria Municipal de Saúde, os profissionais relatam que, apesar de estarem interrompendo o trânsito, a população passava buzinando e aplaudindo os manifestantes. “Isso nos deixa muito felizes. Os aplausos da sociedade são bem-vindos, mas dos gestores, a gente não quer aplausos deles, não. A gente quer reconhecimento, valorização e salário”, afirma Milca.

Ela acrescenta que segunda-feira irão analisar a proposta de gratificação e se não for suficiente para o que a categoria exige, irá convocar uma assembleia de forma virtual, ou até mesmo em um espaço aberto, para deliberarem um indicativo de greve. 

Direitos defasados

Milca Rego aproveita para fazer um balanço da situação dos enfermeiros no contexto de Paraíba e de Brasil: 

"Não temos jornada definida. Hoje a enfermeira pode exercer 20, 30, 36 e até 44 horas de trabalho; vai de acordo com empregador ou edital. Então a gente não tem uma jornada estabelecida. Lutamos há bastante tempo para aprovação da nossa jornada. O projeto está pronto para votação desde 2009 e já passou nove anos tramitando entre Senado e Câmara. No Senado foi aprovado rapidinho, mas quando chegou na Câmara, o projeto ficou dormindo em ‘berço esplêndido’ desde 2009. 

Esse mesmo projeto - que já é do ano 2000 - já foi três vezes para a pauta e duas vezes foi retirado; na última vez acabou a sessão sem conseguir entrar em votação. Então falta vontade política para que o projeto seja votado. 

Nós temos projetos prontos para votação sobre a aposentadoria especial para os profissionais de enfermagem, repouso digno, piso salarial. O problema é que em toda legislatura ele é arquivado. Então, em toda nova legislatura alguém pega a pauta e faz um projeto novo e novamente não consegue andar dentro da câmara. 

No estado hoje tem gente ganhando R$ 1500, mas tem gente que ganha até R$ 1200. Então o enfermeiro precisa ter dois ou três empregos. E aí não tem vida. O costume aqui na Paraíba é o regime 12 por 36 horas, dia sim dia não. Mas não temos regulamentação salarial, nem de jornada."

Assista vídeo da manifestação:


 

Edição: Heloisa de Sousa