Paraíba

FALTA HUMANIDADE

Sem tetos da ocupação Terra Prometida se desesperam diante da atitude da PMJP

Famílias ocuparam sede de escola para se ampararem das chuvas e recebem aviso que serão retirados de lá

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Reprodução - Foto

As chuvas da madrugada de sexta para o sábado (23), deixou 89 famílias da comunidade Terra Prometida, no bairro de Gramame, inteiramente dentro d’água e do esgoto. As famílias perderam colchões, móveis, roupas, guarda-roupas, geladeiras, fogões e não têm para onde ir. 

 

A situação das famílias é de desespero. Marinalva Santos Silva, da Ocupação Terra Prometida, chora sobre sua situação. Ela diz: "Eu perdi tudo, eu não tenho nada, eu não tenho mais nada. Se a gente sair daqui, a gente vai para onde, minha gente? A gente é ser humano, precisamos de uma moradia, não queremos nada de ninguém, só o quer é da gente. Eu não aguento mais". Veja no vídeo abaixo:

Por causa dessa situação, as famílias, sem ter para onde ir, resolveram ocupar a Escola Municipal Raimundo Nonato, localizada no bairro Colinas do Sul.

E na manhã deste domingo (24), durante reunião com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), os moradores da Terra Prometida se desesperaram ainda mais, diante das ameças da PMJP em retirá-los do interior da escola para abrigá-los na quadra, as famílias resolveram ocupar a rua em protesto.

"Os moradores perderam o que não tinha e ocuparam a escola Raimundo Nonato na noite de ontem, são 89 famílias, entraram para se abrigar e fazer refeição e ter o lugar para colocar a cabeça porque passaram o dia todo sem dormir e sem comer e a Prefeitura está nesse momento na escola, com a guarda municipal, querendo deslocar o pessoal para a quadra, o que não é recomendável porque o pessoal está em salas separadas para evitar aglomeração, mas a prefeitura insiste em retirá-los e colocá-los na quadra", denunciou Gleyson Melo, militante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), que acompanha a ocupação Terra Prometida e diversas lutas por moradia no estado da Paraíba.


Sem Tetos da Ocupação Terra Prometida protestam contra remoção. / Reprodução

Posição da Prefeitura Municipal de João Pessoa

Por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), a Prefeitura de João Pessoa disse que, a Sedes junto com a Defesa Civil de João Pessoa estão acompanhando as famílias da comunidade Terra Prometida, que no sábado (23) foi realizada visita pelos técnicos do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) para identificar as famílias e garantir a segurança alimentar destas com a distribuição de alimentação pronta em quentinhas, atender as necessidades nutricionais.

"Foram distribuídas cestas básicas, cobertores, enxovais, máscaras de proteção, além de continuar a entrega de quentinhas para que eles possam ter uma alimentação equilibrada. Nossos técnicos também estão realizando o cadastro das famílias para inclusão no programa de auxílio moradia para que elas possam se beneficiar enquanto aguardam uma nova habitação", se pronunciou a Sedes.

Sobre a questão onde as famílias vão ficar, a Sedes, que tem como secretário Diego Tavares a frente da pasta, disse que essa questão ainda está em diálogo e que não há nada definido.

No entanto, diante da pressão da Prefeitura de João Pessoa (PMJP), as famílias resolveram ceder e já estão se organizando para irem para o Ginásio da escola, conforme proposto pela PMJP. "Queremos moradia e não auxílio aluguel, pois aluguel não significa moradia e nós lutamos por moradia. Não queremos confusão, queremos apenas que o direito seja garantido, que essas famílias possam ficar seguras nessa pandemia", disse Bárbara Zen, do MTD.

Edição: Heloisa de Sousa