Paraíba

BARBÁRIE

Sindicato dos Jornalistas da Paraíba repudia fala de Roberto Cavalcanti

Dono do Sistema Correio de Comunicação sugeriu que alguns radialistas e jornalistas fossem apedrejados

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Roberto Cavalcanti - Reprodução

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba, filiado à Federação Nacional dos Jornalistas, emitiu nota de repúdio a respeito das declarações do empresário e ex-senador Roberto Cavalcanti, dono do Sistema Correio de Comunicação. 
Durante o programa Correio Debate, na tarde desta quinta-feira (14), transmitido pela Rádio 98 FM, um dos veículos do seu grupo, Roberto Cavalcanti criticou a forma como a imprensa vem divulgando o quantitativo de mortes de pacientes vítimas da covid-19.

“Tem determinadas emissoras que dá o placar de quantos morreram no país naquele dia, dá que parece um gol da seleção do Brasil. Isso é uma vergonha. Um jornalista ou radialista que fizesse um negócio desses deveria ser apedrejado na rua”, disse o ex-senador.

Confira a nota:
 

Nota de repúdio

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba, filiado à FENAJ, vem a público repudiar as declarações do ex-senador e empresário do Sistema Correio, Roberto Cavalcanti, durante programa na Rádio 98 FM, que faz parte do conglomerado de comunicação. Em um momento no qual a imprensa brasileira vem sofrendo diversos ataques durante a cobertura da pandemia do coronavírus, agressões verbais e até mesmo físicas, o ex-senador afirma que jornalistas e radialistas que noticiam as mortes pela COVID-19 deveriam ser apedrejados na rua. 

A declaração além de chocante causa repulsa na categoria, que foi considerada como serviço essencial durante a pandemia e continua trabalhando em seus postos normalmente. Nem mesmo as funções com possibilidade de trabalho remoto foram liberadas para tal. Outro agravante é a falta de equipamentos de proteção individual como máscaras em diversos desses locais do Sistema Correio, onde os trabalhadores estão expostos e, com isso, já foram identificadas pelo menos cinco infecções pelo vírus. 

Agrega-se a essa situação que por si só já define o pensamento do Sr. Roberto Cavalcanti acerca dos trabalhadores que emprega o fato de ter extinguido, em plena pandemia, o jornal impresso Correio da Paraíba, deixando 38 jornalistas desempregados e sem perspectiva. 

Porém, a atitude apesar de grave não surpreende, pois o Sistema Correio, do qual o Sr. Roberto Cavalcanti é empresário, há anos vem se negando a negociar reajustes para a categoria e, na primeira oportunidade de flexibilização de direitos, realizou uma demissão em massa mesmo em um momento no qual a proteção ao trabalhador deveria ser prioridade. 

Repudiamos esse tipo de postura de qualquer pessoa, especialmente no que se refere a um empresário da área de comunicação. Tomaremos todas as medidas cabíveis para reparar a categoria em relação a essa declaração infeliz.
 

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ESTADO DA PARAÍBA

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS

Edição: Heloisa de Sousa