Paraíba

ALIMENTO & AFETO

Culinaristas são convidadas a fazerem receitas deliciosas com produtos do MST

"Alimentando com Afeto" - primeiro programa estará disponível nesta segunda, às 19h, no canal Youtube do Jornal BDF-PB

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Maria Brasil recebe alimentos do MST para dar início aos vídeos do Programa - Foto: Arquivo Pessoal

 

A quarentena faz circular muitas ideias criativas. Na Paraíba, três culinaristas receberam o desafio de produzir um webprograma que consiste em transformar uma cesta de produtos oriundos da agricultura familiar, doadas pelo MST, em receitas deliciosas, publicadas em vídeos. O Programa  "Alimentando com Afeto" é uma idealização do Movimento dos Trabalhadores por Direitos- MTD. O lançamento será nesta segunda, às 19h, no canal Youtube do Jornal Brasil de Fato PB, e será veiculado diariamente, às 9h da manhã.

A ideia é ensinar a população a aproveitar todas as partes dos alimentos, desde a casca, semente, caule, polpa até as folhas. As receitas devem ser feitas com os alimentos que estão na cesta, que neste primeiro programa foram: um pé de cebolinha, um pé de coentro, dois pacotes de macaxeira, batata-doce, um mói de couve, um jerimum e limão.
Segundo Bárbara Zen, o projeto visa refletir sobre a trajetória que o alimento percorre até chegar à cozinha:

“A gente quer mostrar que a reforma agrária e a agroecologia alimentam a cidade, e que é possível se alimentar sem veneno”.

Ela destaca que o atual governo liberou agrotóxicos que são proibidos no mundo inteiro, e estão correlacionadas com as altas taxas de câncer no Brasil, que estão entre as maiores do mundo. “O programa vai mostrar que muitas vezes se produz um lixo desnecessário com as cascas, sementes, raízes e talos, e que isso pode vir a ser alimento”, enfatiza. Ela explica que o nome do programa vem da solidariedade socialista:

“O programa chama-se Alimentando com Afeto porque, se não houver afeto, não existe solidariedade. A entrega da comida é a materialização da solidariedade. Quem produz tem história, quem cozinha tem história, então, é justamente essa ideia de entender o mundo e todo esse processo de solidariedade”.

 

Maria Brasil gravando os vídeos - Foto:Arquivo Pessoal 

 

Maria Brasil, artista plástica e culinarista, tem livro publicado sobre cozinha orgânica, comenta sobre a experiência de fazer parte do projeto: “É um projeto muito legal porque vai veicular que os movimentos sociais plantam agroecologia, e as pessoas vão vendo e tomando conhecimento de que realmente existe uma possibilidade de se comer melhor com pouca coisa, ou seja, essas receitas, principalmente para a classe trabalhadora que não tem condições de comprar alimentos caros”. Maria cozinhou sopa de macaxeira utilizando a macaxeira crua ralada; sopinha com macarrão de macaxeira; bolinho de chapadinha de macaxeira e jerimum; pirão de jerimum; suco verde; e leite de semente do jerimum. 

Luana Diniz e seu bebê, Joaquim - Foto:Arquivo Pessoal 

Outra convidada é Luana Diniz, que administra juntamente com a mãe, o Restaurante Oca, no centro de João Pessoa, e alerta para os perigos dos agrotóxicos:

“Eu acho importante porque reforça a questão da agricultura familiar, dos pequenos produtores e faz muito sentido nessa fase, principalmente pela questão dos agrotóxicos. Precisou de uma pandemia para o comércio local valorizar as pequenos produções”.


Ela  acrescenta que é importante trabalhar com os produtos da época, da estação em vigor, por que têm uma aparência mais bonita e é mais saboroso. “Nossa proposta é trabalhar com a cozinha circunstancial que é você usar o que tem e não sair procurando produtos caros de outros estados e países, que isso é coisa da moda”. Luana fez um pirão de jerimum: usou o jerimum, farinha de mandioca, coentro, cebolinha e leite de coco e para o suco clorofilado: suco com couve e limão.

Bárbara Zen reafirma a importância da autonomia alimentar das pessoas em situação de pobreza: "Quando elas têm acesso e conhecimento, cozinhar com um casca e coisas acessíveis, é dar poder à população e o poder de transformar e de criar”

Ana Lúcia - Foto:Arquivo Pessoal 

Quem também irá trazer suas receitas é Ana Lúcia, que é nutricionista e conta que sempre trabalhou em comunidades: “Trabalhei durante muito tempo junto com o Programa Cidadania e visitávamos comunidade. E agora a proposta é mostrar e ensinar a essas famílias como utilizar o alimento de forma total, mostrando a importância de cada parte do alimento, e fazer entender que tudo pode ser aproveitado de forma nutritiva, fato que as pessoas, às vezes, não conhecem”. Ela fala sobre a segurança alimentar:

"Além de trazer segurança alimentar, fazer com que as pessoas entendam mais sobre aquilo que elas estão comendo, qual a importância, não só a satisfação de comer, mas também a satisfação de saber para que serve cada coisa”. 

Ana acrescenta que é importante pensar no futuro e até mesmo incentivar a plantação de hortas onde for possível. Ela preparou uma salada alternativa feita com jerimum, batata-doce e inhame, com uma maionese caseira, um milk-shake de jerimum ou de batata-doce e um feijão com farofa de cuscuz: “eu usei todos os ingredientes da cesta, e assim são pratos bem simples”, conclui Ana.


Divulgação / Card

Os produtos da cesta são comercializados pelo MST e quem tiver interesse pode ligar para Bárbara (83 - 99331-5592) para adquirir a sua cesta de produtos, todos cultivados de forma agroecológica, com preços acessíveis, e respeitando a colheita da estação. Os produtos vêm dos municípios de: Pitimbu, Pedras de Fogo, Mari, Lagoa Seca, Gado Bravo, Riachão do Poço, e Alagoinha.


 

 

 

Edição: Heloisa de Sousa