Paraíba

HUMILHAÇÃO

Comerciários são obrigados a se ajoelhar pedindo reabertura do comércio em CG

Denúncias anônimas de coação foram feitas ao sindicato dos Comerciários nesta segunda (27)

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Segundo a secretaria de Saúde, o estado atravessa o pico de contágios da doença, que deve durar até o final de maio - Reprodução

A população da Paraíba foi surpreendida por uma cena chocante nesta segunda (27). Várias trabalhadoras e trabalhadores do comércio de Campina Grande ajoelhados, fazendo louvores e orações pedindo a reabertura do setor. No entanto, o que estava por trás da ação, era o pedido da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campina Grande ao Tribunal de Justiça da Paraíba que buscava a reabertura do comércio local. A entidade alega que a suspensão das atividades comerciais, em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), acarretará a falência de diversos comerciantes na cidade de Campina Grande, provocando enorme desemprego e reduzindo a maior parte da população à condição de miséria.

Após o ato vexatório para os comerciários, vários deles denunciaram anonimamente ao sindicato os constrangimentos a que foram submetidos para que a atividade fosse realizada, além disso, várias manifestações nas redes sociais chamaram a atenção da população para a violação dos direitos trabalhistas e humanos; já que a epidemia do Coronavírus atingiu seu pico no estado da Paraíba.


Trabalhadores do comércio ajoelhados em Campina Grande nesta segunda (27) / Reprodução

Em nota, o Sindicato dos Comerciários de Campina Grande se posicionou dizendo que "é falsa a informação que este movimento foi organizado e realizado em comum acordo entre as partes", confira a seguir:

NOTA DO SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS DE CAMPINA GRANDE

O Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região, vem a público informar, que diferentemente do que foi divulgado pelos empresários organizadores do ato que pediu a reabertura do comércio ocorrida na manhã desta segunda-feira (27), e reproduzido por alguns veículos de comunicação da cidade, a categoria não comunga com o pedido de retorno das atividades nesse momento, assim como o Sindicato, entidade oficial representativa da categoria, que em nenhum momento foi consultado pelos organizadores da atividade, sendo assim, é falsa a informação que este movimento foi organizado e realizado em comum acordo entre as partes.

Além disso, vem a público denunciar, que muitos funcionários participantes do referido ato, através de denúncias anônimas, foram coagidos a participar do movimento por parte de alguns empresários chefes de algumas empresas, com a ameaça da possibilidade de afastamento dos seus postos de trabalho. Como também denuncia a postura de alguns empresários, que dada à presença dos representantes da categoria, de maneira agressiva tentaram inviabilizar a fiscalização e o trabalho destes.

Sendo assim, repudiamos veementemente qualquer tentativa de coação aos trabalhadores e trabalhadoras, assim como qualquer pedido de retorno às atividades que desrespeitam as orientações dos organismos de Saúde e as medidas de prevenção e segurança no combate ao Covid-19 e que ponham em risco a saúde dos comerciários e de toda população campinense.

O Sindicato reitera a defesa do posicionamento que vem sendo tomado, desde o início dessa crise, de diálogo e respeito às orientações dos órgãos de saúde competentes, sejam eles internacionais, nacionais, estaduais e municipais, as recomendações do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho, como também o respeito da suspensão das atividades realizadas via Decreto Estadual e acatado pela Gestão Municipal e o retorno gradual das atividades em momento oportuno de resolução dessa crise. O Sindicato ainda defende a manutenção dos postos de trabalho, a garantia de todos os direitos, a defesa da saúde e da vida dos trabalhadores (as) e seus familiares.

José do Nascimento Coelho, Presidente.

Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região

Campina Grande/PB, 27 de abril de 2020


Denúncia feita por redes sociais sobre o constrangimento dos trabalhadores pelos patrões. / Reprodução

Entramos em contato com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que se pronunciou dizendo: "O MPT não recebeu nenhuma denúncia formal sobre o fato, mas, diante das notícias veiculadas na imprensa local, já foi instaurado procedimento investigatório (notícia de fato) para apurar os fatos", declarou Andressa Lucena, procuradora do MPT em Campina Grande, responsável pela instauração do procedimento.

 

Edição: Heloisa de Sousa