Paraíba

TEATRO

Espetáculo 'Paulo Freire, o andarilho da utopia', percorre o país e chega à PB

Em tempos de disseminação da cultura das armas, monólogo conta a vida de um dos maiores educadores de todos os tempos

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
"Movido pelo desejo de liberdade de si e dos outros, sonha com a justiça, com a equidade, com a superação dos obstáculos"
"Movido pelo desejo de liberdade de si e dos outros, sonha com a justiça, com a equidade, com a superação dos obstáculos" - Fotos: Divulgação

Em circulação nacional desde março, chega a João Pessoa o espetáculo Paulo Freire, o andarilho da utopia, que relata a vida de um dos maiores pensadores da História da Educação.
Em João Pessoa as apresentações acontecem neste domingo (17) às 16h, na Praça da Independência, através do Projeto AnimaCentro da Funjope. Na terça-feira (19), às 20h, será na Casa da Pólvora, seguindo a agenda do Novembro Negro. Em Campina Grande, a apresentação será na segunda-feira (18), e em Mataraca, a data ainda será fechada na próxima semana. Todas as apresentações são abertas e gratuitas. (Classificação etária – 12 anos)
A peça surgiu da ideia do ator Richard Riguetti e do encenador Luiz Antônio Rocha, além do dramaturgo Junio Santos, que decidiram levar a vida do educador para os palcos. A sinopse descreve: No interior de Pernambuco, à sombra de uma mangueira, um menino com um graveto na mão inicia o seu processo de leitura do mundo. Com a crise de 1929, é submetido à fome, assim como grande parte da população brasileira. Com intuito de minimizá-la, percorreu quintais alheios - jaqueiras, mangueiras, cajueiros, pitangueiras. Na infância da juventude, uma outra fome ocupa o seu tempo: as palavras. E ele as devora como se elas fossem pedaços de comida. E essa foi a sua busca até a eternidade: as palavras. Através delas e com elas, percorre territórios disseminando a sua pedagogia de ensino e revoluciona a educação mundial. Movido pelo desejo de liberdade de si e dos outros, sonha com a justiça, com a equidade, com a superação dos obstáculos impostos por uma sociedade opressora e propaga nos homens e nas mulheres mais simples a vocação para o “ser mais”. Paulo Freire, o andarilho da utopia derrama no palco a trajetória de um dos maiores pensadores do mundo.

Segundo Luiz Antônio Rocha, encenador do espetáculo, esta não é uma peça biográfica: “Buscamos trazer toda a atmosfera do Paulo Freire, a nossa interpretação do que seria ele. A gente traz, também, várias inserções contemporâneas, porque o Paulo é muito contemporâneo, ele está vivo ainda, tanto que a gente continua falando nele. Então tudo isso que está acontecendo, o Paulo Freire já falava a mesma coisa na época dele, como o que acontece agora com as queimadas da Amazônia, o pré-sal, e todas e essas coisas”, define Luiz.
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, ofendendo a vida, destruindo sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Este foi um dos últimos escritos do mestre Paulo Freire, antes de falecer em 02 de maio de 1997. Assustadoramente atual, em tempos em que a educação pública corre o risco de ser drasticamente reduzida, lutar pela dignidade humana é fundamental. Segundo o encenador, 55% das falas são textos de entrevistas do Paulo Freire e os outros 45% é uma colcha de retalho que ajuda a contar a história, como o poemas de Leminski “Xixi nas Estrelas”, além de trechos de Eduardo Galeano e Bertold Brecht, e enxertos da própria equipe de criação da peça.
Para a composição, a equipe foi até a casa da Nita Freire, viúva do pedagogo, que contou toda a história de vida dele. Misturando elementos das linguagens do teatro, do palhaço e do teatro de rua, o monólogo já foi encenado em diversos estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Piauí, Bahia, Ceará, Amazonas, Paraná, Brasília, e chegou, Inclusive, a Angicos (RN), onde Paulo Freire cumpriu o seu pioneiro projeto pedagógico: conseguiu alfabetizar 380 agricultores em 40 horas. Atualmente, a peça está sendo indicada, na categoria Inovação, ao prêmio Shell, um dos principais prêmios de teatro no Brasil. 
“Costumamos dizer que não é uma peça de teatro, não é um espetáculo, é um ato Cenopoético. A gente não faz um espetáculo para o público, a gente faz com o público, ouvindo a comunidade, e convidamos todos a se juntarem à gente, e usar um repertório que se coloca nesse ato Cenopoético, com a participação muito forte do público”, destaca Luiz.
O espetáculo também é uma homenagem uma comemoração pelos 40 anos de carreira do ator Richard Riguetti. “É um grande ator que largou os palcos do teatro burguês e se dedicou a ser um artista público, artista de rua”, comemora Luiz. Em todas as sessões, logo após a peça, acontece um círculo de conversa com o diretor e o ator do espetáculo, uma troca de ideias e ideais sobre o reconhecido mestre.
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia - Junio Santos
Encenação - Luiz Antônio Rocha
Atuação - Richard Riguetti
Cenário e Figurino – Eduardo Albini
Direção de Movimento – Michel Robin
Preparação de ator – Beth Zalcman 
Preparadora corporal – Aline Bernardi
Direção de movimento - Michel Rubin
Projeto de Luz – Ricardo Lira Jr
Assessoria pedagógica – Josy Dantas
Assistente de direção – Marcia Rosa
Preparadora vocal – Jane Celeste
Letras de músicas – Ray lima e Junio Santos
Produção local: Gabriela Arruda
Realização: Grupo Off-Sina e Espaço Cênico Produções Artísticas

Edição: Cida Alves