Paraíba

ABUSO DE AUTORIDADE

Estela Bezerra alega falta de presunção de inocência em condução da Operação Calvário

Deputada Estadual pelo PSB foi citada em despacho por suposto envolvimento com o dirigente da Cruz Vermelha na PB

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Estela Bezerra (PSB) soube da citação de seu nome, em despacho, pela impressa; nos mesmos moldes da Operação Lava Jato.
Estela Bezerra (PSB) soube da citação de seu nome, em despacho, pela impressa; nos mesmos moldes da Operação Lava Jato. - Reprodução

A Operação Calvário, que está em sua 6ª fase de investigação, foi instalada na Paraíba para apurar possíveis desvios de recursos públicos na Cruz Vermelha Brasileira (CVB), que administrava o Hospital Estadual de Emergência e Trauma, localizado em João Pessoa. A investigação apresentou que a CVB teve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em várias unidades da federação, no período entre julho de 2011 até dezembro de 2018.

Nesta terça (15), a deputada estadual Estela Bezerra (PSB) foi citada pela Operação Calvário, em despacho assinado na segunda-feira (14) pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida. Nele, é apresentado o nome da deputada dizendo que ela teria indícios de vinculação com o dirigente da Cruz Vermelha na Paraíba, Daniel Gomes, apontado como chefe da organização criminosa.

Ainda conforme o despacho, a então chefe de gabinete de Estela, Mayara Martins, foi escolhida para presidir a Cruz Vermelha e, supostamente por esta razão, o documento afirma que: "há indícios da vinculação de Estelizabel Bezerra de Sousa a determinadas condutas criminosas, cujo envolvimento aguarda diligências em andamento e que estão protegidas por sigilo". O despacho conclui por isso, ser "necessário o aprofundamento das investigações neste aspecto”.

Por esses indícios, que ainda aguardam investigações e provas, a deputada estadual Estela Bezerra (PSB) se pronunciou abertamente no plenário da Assembleia Legislativa nesta quarta (16), demonstrando profunda indignação e declarando que: “Sobre mim deveria pesar a presunção de inocência. Deveriam inquirir antes de acusar."

Confira o pronunciamento de Estela Bezerra:

A deputada Estela Bezerra (PSB) também emitiu nota a respeito:

Nota

Nas últimas horas fui surpreendida, negativamente, com uma medida cautelar na qual sou citada, com ilações que me acusam de ser uma suposta suspeita de um processo de investigação em andamento no Ministério Público Estadual (MPE).

Levei algum tempo para compreender os motivos pelos quais fui arrolada em um processo do qual não sou parte e figurar em um capítulo cuja a arguição trata da competência originária da Corte. Contudo, quero aqui demonstrar o meu interesse em colaborar com as investigações para que a verdade real seja reestabelecida.

Devo dizer em meu favor que tenho uma vida pública sem qualquer mácula. Sou deputada de segundo mandato, aprovada pela opinião pública através do voto popular. Minha entrada na democracia representativa é fruto de uma trajetória de luta por diretos sociais, por justiça social, por cidadania, por democracia participativa e por transparência pública.

Antes de ter mandato, fui ativista e defensora dos direitos das minorias, gestora e ordenadora de despesas à frente da Coordenadoria das Mulheres, da Secretaria de Transparência Pública, da Secretaria de Planejamento e, por fim, da Secretaria de Comunicação do Estado, sem que nada possa ser utilizado contra a minha conduta ética e moral.

Quero apuração imediata. É a minha imagem, a minha reputação e o respeito das pessoas que confiam em mim que está em jogo. E, a despeito de qualquer foro privilegiado, coloco meus sigilos bancário, patrimonial e telefônico à disposição. Estou apresentando petição junto ao MPE e ao Tribunal de Justiça. Tenho endereço fixo e nada tenho a esconder da Justiça, nem do povo da Paraíba.

Sobre mim, deveria pesar a presunção de inocência, como a todo cidadão do Estado de Direito, onde as instituições públicas possuem papéis definidos e disciplinados por leis. O processo tem rito e, por justiça, precisa inquirir antes de acusar. O contraponto disso é o processo inquisitório que condena antes de ouvir.

Por fim, quero reafirmar a toda sociedade, que os compromissos da agenda socialista de soberania popular, garantia e igualdade de direitos e sustentabilidade são a prioridade do nosso mandato.
Seguiremos com o trabalho, o respeito e a responsabilidade que sempre conduziram minha vida pública.

Estela Bezerra
Deputada Estadual

Edição: Heloisa de Sousa