As diversas histórias, superações e preconceitos que são atravessadas pelas mulheres negras na sociedade ao longo da vida. O espetáculo Encruzilhada Feminina é um projeto político de arte cênica que busca, a partir de inquietações, evidenciar o que as mulheres negras, em muitas esferas sociais têm sofrido com o racismo “explícito e implícito” na sociedade brasileira.
O espetáculo aborda questões como intolerância religiosa, entrada na universidade, mercado de trabalho, política e sexualidade. Confira entrevista com a diretora do espetáculo, Cynthia Rachel Esperança, concedida ao Programa Brasil de Fato.
Brasil de Fato: O que te inspirou na produção do espetáculo?
Cynthia Rachel Esperança: Nasceu de uma inquietação de querer falar da condição das mulheres negras na sociedade. É muito difícil ainda, parece que é uma lamúria, mas não é. Elas estão em situações precarizadas o tempo inteiro, na universidade, no espaço de trabalho, no translado que os nossos corpos fazem pela cidade. A partir dessa visão dos corpos negros que se movimentam na sociedade que nasceu essa “Encruzilhada feminina”.
Como o racismo e o machismo entram em cena?
É uma atriz em cena, são sete atos, com sete temas diferentes, que contam um pouquinho da trajetória das mulheres negras nessa sociedade racista, patriarcal e desigual. O racismo está o tempo inteiro em cena. E o machismo vem na sutileza: nas palavras, numa situação que a mulher enfrenta no ônibus ou na universidade. O machismo e o racismo estão não só na truculência, mas nas sutilezas.
Quais desafios enfrentados para colocar em cartaz essa peça?
Nós somos um coletivo de mulheres negras, a gente não tem financiamento, patrocínio, apoio de nada. É muito difícil viver de arte no Brasil. A cultura está sendo sucateada, assim como a educação. Nosso maior palco tem sido as escolas, mas até para isso precisamos desses translados. Quem banca isso pra gente? Somos nós mesmos. A nossa maior dificuldade tem sido levar a arte onde dificilmente ela vai: nas escolas, nas praças, nas ruas, nos lugares alternativos, que não são os grandes teatros.
Serviço:
O quê? Espetáculo Encruzilhada Feminina
Onde? Casa das Pretas (Rua dos Inválidos, 122, no Centro do Rio).
Quando: Sexta-feira (30), às 19h.
Quanto? R$20 (inteira) | R$10 (meia) | R$5 (ingresso solidário - levando um agasalho para doação)
Edição: Vivian Virissimo