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A esperança vem da Bolívia

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Whipala, bandeira de origem andina, foi atacada por manifestantes racistas durante e após o golpe de 2019 – - Foto: Elineudo Meira/Reprodução/Brasil de Fato
Vitória maiúscula de Arce derruba, definitivamente, o golpe violento implantado no País

Depois da vitória do líder peronista, Alberto Fernández, para presidente da Argentina, em outubro do ano passado, o que fez crescer uma nova onda de sentimento socialista na América Latina, agora o candidato e ex-ministro da Economia de Evo Morales, o líder do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce, vence, no primeiro turno, as eleições bolivarianas e será o novo mandatário do País. "Todos nós bolivianos demos passos importantes, recuperamos a democracia e a esperança", disse Arce, após ficar sabendo das primeiras projeções de resultados.

A vitória do pupilo de Evo Morales têm dois fatores importantes, para a democracia na América Latina, sobretudo na América do Sul, que, historicamente, é atacada

A própria presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, reconheceu a vitória de Arce. De acordo com o resultado preliminar, Luis Arce, obteve ampla vantagem, com mais de 52% dos votos, contra 31% de seu principal adversário, o ex-presidente Carlos Mesa. "De nossa parte, nosso compromisso é trabalhar e cumprir nosso programa, e vamos governar para todos os bolivianos", disse Arce.

A vitória do pupilo de Evo Morales têm dois fatores importantes, para a democracia na América Latina, sobretudo na América do Sul, que, historicamente, é atacada com tentativas e concretizações de golpes orquestrados pelos Estados Unidos, na busca insaciável de recursos naturais - no caso da Bolívia, o lítio -  e a exploração econômica. O primeiro fator incontestável da vitória de Luiz Arce, foi enterrar, neste momento histórico, a extrema direita na Bolívia, que alcançou apenas 14% dos votos, com o candidato Luis Fernando Camacho.

Mas, vitória maiúscula de Arce derruba, definitivamente, o golpe violento implantado no País, no dia 10 novembro do ano passado e que obrigou Evo Morales sair da Bolívia, despois que ele foi democraticamente eleito. Após a OEA (Organização dos Estados Americanos) fazer uma auditoria no pleito, e “relatar irregularidades e questionar sua vitória no primeiro turno”, Morales concordou em fazer novas eleições, mas os militares "pediram" sua saída e ele acabou renunciando ao cargo e, até hoje, está refugiado em uma quarto de hotel, na Argentina. Em 12 de novembro de 2019, Janine Áñez se proclamou presidente da Bolívia e o golpe estava concretizado.

Alguns observatórios internacionais relatam que a partir deste momento massacres começaram a explodir em várias regiões do País, ocasionando as mortes de 35 pessoas, 800 feridos e mais de 1.500 cidadãos detidos, além de centenas de exilados e desaparecidos, entre líderes políticos, jornalistas e ex-funcionários do governo.

A vitória de Luiz Arce é uma resposta do povo indígena da Bolívia ao imperialismo dos Estados Unidos, que uniu as forças armadas, polícia e grupos paramilitares, para forçar Evo Morales a renunciar seu mandato. Em 2006, Morales foi o primeiro índio a chegar à Presidência de um País, depois da invasão das américas e do genocídio de quase 55 milhões de pessoas. Isso, os EUA nunca vão aceitar, nunca. Contudo, a esperança voltou e na sua melhor forma, pela democracia. Que esses novos ares, do Sul da América, soprem forte e alcancem outra grande nação golpeada: o Brasil.

Edição: Cida Alves