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CULTURA

Artigo | Música nordestina contemporânea: resistência e identidade cultural

Esta manifestação sempre foi engajada, fosse através das toadas de lamento dos escravos ou nos aboios dos vaqueiros

02.out.2019 às 12h12
João Pessoa (PB)
Cristiane Nepomuceno
"Desde os anos 1990, o Nordeste vem sendo palco de um processo de renovação musical, um estilo que resulta da fusão de vários estilos".

"Desde os anos 1990, o Nordeste vem sendo palco de um processo de renovação musical, um estilo que resulta da fusão de vários estilos". - Reprodução

“A justiça com sua espada de leviatã na mão/
Pronta para ser usada/
Com sua venda nos olhos/
Trazendo consigo o mito da imparcialidade.”

Magistrado ladrão. Cabruêra - Álbum: O samba da minha terra, 2004.
(Composição: Zé Guilherme)

A música do Nordeste é muito diversificada e representativa das matrizes étnicas que em seu território convivem há séculos. Essa longa convivência deu origem uma música peculiar, um espelho fiel da nossa miscigenada formação histórico-cultural. Destas matrizes o Brasil herdou seu instrumental, seu sistema harmônico, seus cantos, suas danças, ritmo e cadência, junção dos ritmos uma amálgama cultural: dos batuques e síncopes dos africanos (batuques dos acompanhados de percussão, tambores, atabaques e marimbas e ainda palmas, xequerês e ganzás), dos nativos (cantos das danças rituais indígenas acompanhadas por instrumentos de sopro – flautas de várias espécies, trombetas e apitos – e por maracás e bate-pés) e dos europeus (música erudita, música religiosa, cantachão das missas e hinos e os toques e fanfarras militares). Esta música desde a sua origem foi engajada, comprometida com o mundo real, fosse através das toadas de lamento dos escravos saudosos de sua terra natal ou dos aboios dos vaqueiros que transmitiam através do canto o seu cotidiano de luta em um ambiente inóspito e rústico.
Desde o início dos anos 90 do século XX o Nordeste vem sendo palco de um processo de renovação musical, um estilo que resulta da fusão de vários estilos, um processo de hibridização consubstanciando-se a partir da revalorização do tradicional forró pé-de-serra, das sambadas de maracatu, das rodas de coco, das emboladas, repentes, aboios, repente, poesia popular, os benditos e as incelências, os batuques de terreiro afro, a literatura de cordel com tendências musicais mais modernas, como o rock, o hip hop, o reggae.

“Eu sou do baqueado/ Do pandeiro bem levado/ Do batuque e do repente/ Do gingado e do suingue diferente./
Do sambafunksoul do rock e do baião/ Do Jackson hip-hop do Luiz o Gonzagão/
Na rufada do maracatu/ No xote e no xaxado/ No pique rebolado regulado/
Na ginga improvisada/ No fervor da embolada/ Na levada no breque/
Na banana e no chiclete/ Eu sou do som do meu Nordeste/ Sou também cabra da peste/
Paraibano e não me engano” (Parapoderembolar – Cabruêra, 2001).

Combinando instrumentos tradicionais nordestinos (rabeca, viola, tambor, berimbau, pandeiro, zabumba) aos sons da guitarra, do baixo e da bateria resultando uma música que a muitos encanta, por nela ser possível identificar as temáticas que cantam a alma do povo nordestino (seca, migração, banditismo social, coronelismo, …) funcionando como meio não só de fortalecimento da herança musical, mas também de despertar o desejo por reabilitar e manter sua identidade cultural.
Assim, as letras tratam do cotidiano nordestino numa perspectiva de crítica social: a condição miséria, desigualdade, corrupção, migração, violência urbana: 

“E a cidade se apresenta centro das ambições/
Para mendigos ou ricos e outras armações /
Coletivos, automóveis, motos e metrôs/
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs/
A cidade não pára a cidade só cresce/
O cima sobe e o de baixo desce.”
(Manguetown, Album: Afrociberdelia – Chico Science & Nação Zumbi, 1996).

Mas, também tratam da sabedoria popular e dos valores fundamentais do povo nordestino: força, destemor, honra e coragem, além da fé, misticismo, faz promessas, incita esperança:

"O sabiá no sertão/ Quando canta me comove/ Passa três meses cantando/
E sem cantar passa nove/ Porque tem a obrigação/ De só cantar quando chove. (...)

Meu povo não vá simbora/ Pela Itapemirim/
Pois mesmo perto do fim/ Nosso sertão tem melhora/
O céu tá calado agora/ Mais vai dar cada trovão/
De escapulir torrão/De paredão de tapera”
(Chover ou invocação para um dia líquido – Cordel do Fogo Encantado, 2001/Composição: Jose Paes de Lira Filho e Clayton Barros).

Acreditamos que a maior contribuição desses movimentos esteja na possibilidade de difundir os valores, as temáticas, os sons e as manifestações tradicionais do Nordeste entre os jovens. De forma híbrida, o novo é incorporado, renovando a tradição, tornando-a viva, mostrando que é possível o passado coexistir com o tempo presente e voltar-se para o futuro, permitindo a juventude se reconhecer como parte e resultado desse fazer cultural, despertando-lhes a consciência de pertença, de identidade, de apego ao lugar, um processo de auto-(re)conhecimento e de (re)afirmação da identidade cultural. Como no dizer de Câmara Cascudo, a música é expressão essencial da vida.

Que a nossa música possa funcionar como meio de fortalecer e despertar o desejo por reabilitar e manter a identidade cultural do povo nordestino. 

“Viva Zapata!/Viva Sandino!/Viva Zumbi!/
Antônio Conselheiro!/Todos os Panteras Negras./
Lampião, sua imagem e semelhança./Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia.”
(Monólogo ao Pé do Ouvido - Chico Science e Nação Zumbi).

*Antropóloga, pesquisadora, professora da UEPB/NEABI
 

Editado por: Heloisa De Sousa
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